Balão chinês pode ter sido empurrado para os EUA por “ventos fortes”

Autoridades norte-americanas admitem que a China não teria a intenção de violar o espaço aéreo norte-americano. Pequim diz que balões dos EUA sobrevoaram regiões de Xinjiang e do Tibete.

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Os destroços do balão chinês foram recolhidos pela Marinha dos EUA Reuters/US NAVY

Os Estados Unidos estão a analisar a possibilidade de o balão chinês abatido a 4 de Fevereiro ao largo da costa da Carolina do Sul ter entrado acidentalmente no espaço aéreo norte-americano, empurrado por ventos fortes.

Segundo avança o Washington Post, citando responsáveis da Administração Biden, o balão terá descolado da ilha chinesa de Hainan, antes de seguir uma rota na direcção da ilha de Guam, no Oceano Pacífico. Foi então que guinou “inesperadamente” para Norte, entrando depois no espaço aéreo canadiano antes de ventos fortes o levarem para Sul, atravessando a fronteira com os EUA.

O inesperado desvio na rota levou, segundo o mesmo jornal, os analistas do Pentágono a explorarem a hipótese de que a China não teria a intenção de violar o espaço aéreo dos EUA, sugerindo que o aumento das tensões entre Washington e Pequim poderá ter resultado de um erro, embora as autoridades norte-americanas continuem a acreditar que o balão se destinava à recolha de informações.

Já os três objectos voadores não identificados que foram detectados e abatidos no último fim-de-semana não terão origem chinesa, admitiu na terça-feira a porta-voz da Casa Branca. Karine Jean-Pierre afirmou que os serviços de informações norte-americanos estão a considerar a explicação de que os objectos observados no espaço aéreo dos EUA estejam ligados a entidades comerciais ou de investigação científica e que sejam de natureza “benigna”.

“É algo que estamos a investigar”, disse Jean-Pierre, destacando a importância de obter os destroços dos referidos objectos para análise, uma operação difícil já que alguns teriam caído em áreas de difícil acesso, segundo avançou a porta-voz.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, dissera anteriormente que as autoridades norte-americanas “não viram qualquer indicação que aponte especificamente para a ideia de que esses três objectos faziam parte do programa de balões espiões da China ou que estavam directamente envolvidos em recolha de informações ou vigilância”.

Depois de, na segunda-feira, a China ter dito que detectou mais de dez balões de elevada altitude dos EUA a sobrevoar o seu espaço aéreo sem autorização desde o início de 2022, acusação prontamente desmentida por Washington, o Governo de Pequim afirmou esta quarta-feira que alguns desses balões sobrevoaram as regiões de Xinjiang e do Tibete, territórios em que os EUA e vários países ocidentais denunciaram violações dos direitos humanos.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, afirmou, em conferência de imprensa, que Pequim se reserva o direito de tomar medidas, embora sem fornecer pormenores.

"A China opõe-se fortemente e tomará medidas contra as entidades dos Estados Unidos que violarem a nossa soberania e segurança”, disse Wang.

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