Novo ataque “maciço” russo contra infra-estruturas de energia ucranianas

Moldova confirmou que um míssil violou o seu espaço aéreo e convocou o embaixador russo.

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Tanque ucraniano perto da linha da frente em Donetsk Reuters/STRINGER

As sirenes antiaéreas voltaram a soar um pouco por toda a Ucrânia esta sexta-feira, depois de a Rússia ter levado a cabo um novo ataque “maciço” contra as infra-estruturas críticas do país. Mísseis russos chegaram a cruzar o espaço aéreo da Moldova.

Inicialmente, o Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas revelou que dois mísseis disparados a partir do Mar Negro entraram no espaço aéreo romeno e moldavo. As autoridades de Chisinau confirmaram o que descreveram como “uma violação do espaço aéreo” do país pela Rússia e o embaixador russo foi chamado para prestar contas.

O Ministério da Defesa da Roménia, país que pertence à NATO, disse que os sistemas de vigilância aérea detectaram o que dizem ser “um míssil cruzeiro lançado a partir de um navio russo no Mar Negro, perto da Península da Crimeia”. No entanto, esclarece, “o mais próximo que a trajectória do projéctil esteve do espaço aéreo da Roménia foi registado pelo radar a aproximadamente 35 quilómetros a nordeste da fronteira”.

O Governo russo rejeitou comentar o incidente. Em Outubro, um episódio idêntico levou a Moldova a convocar o embaixador russo para consultas.

Há muito que se tem alertado para o risco de que um míssil russo possa atingir um dos países vizinhos da Ucrânia, onde se incluem vários Estados-membros da NATO, o que, em tese, poderia dar origem a um conflito aberto entre a Aliança Atlântica e Moscovo. Em Novembro, um míssil ucraniano atingiu acidentalmente uma zona rural na Polónia, matando duas pessoas.

Ao longo de toda a madrugada e manhã desta sexta-feira, a Ucrânia disse ter sido visada por um ataque “maciço” que deixou boa parte do país às escuras. Foram atingidas centrais de produção e distribuição de energia em pelo menos seis regiões. As províncias mais afectadas foram Zaporíjjia, onde existe uma grande central nuclear, e Kharkiv, atingidas com 35 mísseis S-300, considerados os mais difíceis de interceptar, segundo a Força Aérea ucraniana.

Só em Kharkiv, 150 mil casas ficaram sem electricidade e sete pessoas ficaram feridas por causa dos bombardeamentos de mísseis e drones.

Também foram ouvidas explosões em Kiev, onde o presidente da Câmara Municipal, Vitali Klitschko, disse terem caído dez mísseis russos. O primeiro-ministro Dmitri Shmial disse que, ao todo, foram lançados mais de 50 mísseis pela Rússia na direcção do território ucraniano, a maioria dos quais foi interceptado pelas defesas antiaéreas. "A Rússia não consegue aceitar os seus falhanços e, por isso, continua a aterrorizar a população" ucraniana, lamentou Shmial.

A onda de bombardeamentos russos desta sexta-feira coincide com a visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a vários países europeus como parte do esforço diplomático de Kiev para acelerar o fornecimento de mais armamento tecnologicamente avançado para as forças ucranianas.

O conselheiro presidencial Mikhailo Podoliak pediu o fim da “hesitação política” dos parceiros ocidentais da Ucrânia e que sejam tomadas “decisões rápidas cruciais”, sublinhando a necessidade de serem entregues mísseis de longo alcance e caças. No início do mês, a Alemanha e os EUA chegaram a acordo, ao fim de semanas de negociações, para entregar tanques de combate Leopard 2 e Abrams, e formar militares ucranianos para os operar.

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