Turquia. Vítimas presas nos escombros enviam mensagens de voz e vídeos a pedir ajuda

Operações de resgate no que resta dos edifícios destruídos continuam, mas os trabalhos estão a ser dificultados pelas baixas temperaturas e pela falta de meios.

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Danos causado pelo terramoto em Kahramanmaras, no sul da Turquia EPA/NECATI SAVAS

Numa altura em que se estima que ainda existam milhares de pessoas debaixo dos escombros depois dos sismos ocorridos na segunda-feira na Turquia e na Síria, as vítimas que aguardam socorro têm tentado pedir ajuda das únicas formas que conseguem: gritando, enviando mensagens de voz ou mesmo vídeos com a sua localização.

As operações de resgate no que resta dos edifícios destruídos nos dois países continuam, mas os trabalhos estão a ser dificultados pelas baixas temperaturas que se registam na região e pela falta de meios para chegar a todas as cidades afectadas. As autoridades turcas estimam que 5775 edifícios tenham ficado destruídos na sequência do terramoto, que ocorreu durante a noite, e dos quase 300 abalos que se seguiram.

À BBC, um jornalista turco conta que tem recebido vídeos, mensagens de voz e até as localizações de várias pessoas que ainda estão sob os escombros. "As pessoas ainda estão sob os prédios desmoronados, precisam de ajuda", disse Ibrahim Haskologlu. "Estão a dizer-nos onde estão e nós não podemos fazer nada".

Também a Al Jazeera reporta que há várias pessoas vivas debaixo dos prédios destruídos que têm pedido ajuda através das redes sociais. "Amigos, estamos presos debaixo dos destroços. O nosso edifício colapsou. Por favor ajudem-nos", suplica um homem num dos vídeos a que a Al Jazeera teve acesso.

Em Antaky, capital da província turca de Hatay, a mais afectada, era possível esta terça-feira de manhã ouvir pedidos desesperados de ajuda gritados por pessoas presas sob os escombros de prédios, conta a Reuters. “Estamos destroçados, destroçados. Meu Deus”, disse um homem chamado Deniz aos jornalistas da Reuters. “Eles estão a chamar-nos, estão a pedir ‘salvem-nos’, mas nós não podemos salvá-los. Como vamos salvá-los? Não há aqui ninguém desde a manhã.”

O Governo turco declarou na manhã desta terça-feira o estado de emergência por três meses nas dez províncias afectadas pelos fortes sismos de segunda-feira, que já provocaram pelo menos 3549 mortos e 22 mil feridos no país.

O Presidente turco avançou que cerca de 50 mil pessoas estão a participar nos esforços de resgate, apoiados por dez navios da marinha e 26 aeronaves militares, que estão a colaborar nas tarefas de evacuação das zonas afectadas. Erdogan agradeceu a ajuda material e humana enviada por 70 países e 14 organizações internacionais.

Portugal vai enviar uma equipa para a Turquia para auxiliar nas operações de resgate e salvamento, confirmou esta terça-feira o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro. Os 53 operacionais deverão sair de Portugal ainda esta terça-feira. A equipa será composta por elementos da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, da Unidade de Emergência de Protecção e Socorro da GNR, do INEM e do regimento de sapadores dos bombeiros.

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