Faltam meios para acudir às vítimas na província turca mais afectada pelo sismo

Habitantes queixam-se de que as equipas de resgate não chegam. “Estão a fazer sons, mas ninguém aparece”, grita um homem com as mãos na cabeça.

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As pessoas sentem-se impotentes para ajudar quem ainda está preso nos escombros GUGLIELMO MANGIAPANE/Reuters

“Estão a fazer sons, mas ninguém aparece”, gritou Deniz, com as mãos na cabeça. Era possível ouvir pedidos desesperados de ajuda gritados por pessoas presas sob os escombros de prédios na província de Hatay, a mais afectada pelo terramoto de segunda-feira que matou milhares de pessoas na Turquia e na Síria.

Hatay, que faz fronteira com a Síria, é a província mais atingida da Turquia, com pelo menos 872 mortos. Os habitantes queixam-se de uma resposta de emergência desadequada e os socorristas disseram ter tido problemas para conseguir equipamento.

Deniz chorava enquanto apontava para um edifício destruído onde estavam presos a mãe e o pai, à espera de socorristas. “Estamos destroçados, destroçados. Meu Deus”, disse. “Eles estão a chamar-nos, estão a pedir ‘salvem-nos’, mas nós não podemos salvá-los. Como vamos salvá-los? Não há aqui ninguém desde a manhã.”

As equipas de resgate têm tido dificuldades para fazer face à escala de destruição no Sul da Turquia e no Noroeste da Síria, com o número total de mortos a subir acima dos 5.000 na terça-feira de manhã.

A Autoridade de Gestão de Catástrofes e Emergências da Turquia disse que 13.740 pessoas foram destacadas para a região do sismo, mas a escala dos danos é enorme, com quase 6.000 edifícios destruídos no Sul da Turquia.

Só em Hatay, foram destruídos mais de 1.200 edifícios, segundo o ministro da Saúde, Fahrettin Koca.

As equipas de salvamento na província queixaram-se de falta de equipamento, enquanto as pessoas na estrada faziam sinal aos carros que passavam para pararem e pediam-lhes.

O Governo declarou um estado de alarme de nível 4 depois do terramoto, pedindo ajuda internacional, mas não declarou logo o estado de emergência que levaria à mobilização em massa do exército [o estado de emergência foi entretanto declarado].

Na capital da província, Antakya, onde edifícios de dez andares se desmoronaram nas ruas, jornalistas da Reuters viram trabalhos de resgate em montanhas de escombros.

“Não há esquipas de resgate, não há soldados. Não há ninguém. Isto é um sítio negligenciado”, disse um homem que tinha viajado para Hatay através de Ancara, depois de ter conseguido, sozinho, retirar uma mulher de um edifício.

“É uma vida humana. O que se pode fazer quando se ouve o som da vida?", disse o homem, que não quis ser identificado, enquanto a mulher resgatada recebia cuidados médicos num automóvel.

Na província de Hatay estão mais de 400.000 sírios, na sua maioria refugiados da guerra civil de quase 12 anos no seu país, de acordo com o Ministério do Interior turco.

Notícia actualizada às 19h40 com a declaração do estado de emergência

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