OMS: doenças tropicais afectaram 1650 milhões de pessoas em 2021

Organização Mundial da Saúde sublinha progressos no combate a doenças tropicais negligenciadas em países de língua portuguesa.

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Homem infectado com dengue recebe cuidados médicos no Paquistão Reuters/FAYAZ AZIZ

Mais de 1650 milhões de pessoas em todo o mundo precisaram de tratamento e cuidados devido a doenças tropicais negligenciadas (DTN) em 2021, refere um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que também aponta progressos em países de língua portuguesa.

A OMS divulgou esta segunda-feira, no Dia Mundial de Combate à Doença Tropical Negligenciada, um relatório global que indica avanços mas refere a necessidade de “mais investimentos para erradicar o problema que ainda afecta 179 países e territórios".

Entre as DTN estão o dengue, chicungunha, doença de Chagas, hanseníase, lepra ou tracoma, entre outras.

“Estas enfermidades continuar a afectar, de forma desproporcional, os mais pobres em áreas com serviços precários de água e saneamento além de cuidados de saúde”, sublinhou o ONU News.

Segundo a OMS, apenas 16 países concentram 80% de todo o volume global das DTN.

Em 2021, 179 países e territórios notificaram pelo menos um caso de DTN e, em todo o mundo, 1650 milhões de pessoas precisaram de tratamento e cuidados.

Em países de língua portuguesa afectados pelas DTN, como Angola, Brasil ou Timor-Leste, foram tomadas “várias acções de combate”, destaca o ONU News que cita dados do relatório.

Angola, por exemplo, não reportou nenhum caso de transmissão de animais para humanos, mas detectou sete cães infectados com dranculíase ou verme da guiné, no ano passado.

O Brasil e Timor-Leste anunciaram acções para o combate de vectores assim como São Tome e Príncipe, enquanto doenças como hanseníase, dengue, chicungunha e doença de Chagas ainda são prevalentes em várias regiões do Brasil, aponta ainda o ONU News.

Para a ex-directora do Departamento de Doenças Infecciosas da OMS e também ex-chefe da pasta na Guiné-Bissau, Magda Robalo, este tema é também “uma questão de inclusão”.

“São doenças que afligem, sobretudo, as populações mais pobres. As que têm falta de acesso à água potável, ao saneamento básico, e acesso a cuidados de saúde básicos e de qualidade. Os governos dos países afectados devem prestar mais atenção às doenças tropicais negligenciadas e alocar mais recursos humanos, financeiros, medicamentos e apoio logístico para o seu combate”, frisou.

Para a agência da ONU, 2021 e 2022 são “resultados de uma década de avanços”, referindo que em 2021, por exemplo, 25% a menos de pessoas precisaram de tratamento contra estas doenças, em comparação com números de 2010.

No total, mais de 1000 milhões de doentes foram tratados a cada ano, entre 2016 e 2019, por intervenções em massa.

O director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, lembrou, citado na nota do ONU News, que apesar do sucesso com milhões de pacientes, o mundo “permanece preso a ciclos de pobreza e estigma”.

Para Tedros Ghebreyesus, ainda há muito trabalho a ser feito, mas a boa notícia é que existem meios e informação para prevenir o sofrimento.

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