Investigação conclui que não terá havido má prática médica no Hospital Amadora-Sintra

Nenhum dos 18 casos analisados teve má prática médica comprovada. Informações já seguiram para o bastonário da Ordem dos Médicos.

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Médicos que denunciaram más práticas médicas afirmaram que 22 utentes “morreram ou ficaram mutilados” Rui Gaudêncio

A investigação às denúncias referentes ao serviço de cirurgia do Hospital Fernando da Fonseca concluiu que não terá havido má prática médica comprovada em nenhum dos 18 casos analisados, segundo fonte ligada ao processo.

A mesma fonte referiu que "aparentemente não haverá má prática nos casos analisados", acrescentando que "uma má decisão [perante várias opções] pode não ser má prática".

Toda a informação relativamente a este processo já foi enviada ao bastonário da Ordem dos Médicos, que a partir de agora poderá tomar iniciativa relativamente ao documento.

O caso das denúncias de alegada má prática médica no Hospital Fernando da Fonseca – também conhecido como Amadora-Sintra – foi noticiado pelo jornal Expresso em 13 de Janeiro e envolvia diversas situações, sendo que o jornal fazia referência a doentes que "morreram ou ficaram mutilados", citando uma informação enviada à Ordem dos Médicos.

Logo no mesmo dia, o hospital anunciou que as averiguações sobre os casos denunciados seriam levadas "até às últimas consequências", garantindo que, se tiver havido erro, "não será ignorado".

"Sabemos que nos últimos tempos lidamos com situações de doença avançada complicadas, fruto dos três últimos anos de pandemia, mas, contudo, os nossos profissionais, em todas as áreas, fazem todos os dias o seu melhor para, de acordo com as boas práticas clínicas prestar os melhores cuidados aos nossos utentes", afirmou, numa mensagem de vídeo, a directora clínica da unidade, Ana Valverde, que falou em nome do Conselho de Administração.

Na altura, Ana Valverde confirmou que a unidade recebeu uma exposição escrita do ex-director do serviço de cirurgia, alegando más práticas clínicas relativamente aos colegas de cirurgia geral.

"Esta denúncia foi encarada com a correspondente responsabilidade e seriedade. De imediato foram desenvolvidas diligências e instaurado um processo de inquérito para apurar a verdade dos factos e as responsabilidades", afirmou, adiantando que entre as diligências estava o envio da denúncia para a Ordem dos Médicos, "para solicitar um processo de averiguação independente sobre as alegações do ex-director".

Na altura, a responsável explicou que as investigações estavam em curso, "sob a responsabilidade de um perito nomeado pelo Colégio da Especialidade da Ordem dos Médicos", que seriam finalizadas "muito em breve" e as conclusões comunicadas às entidades competentes.

Ana Valverde informou ainda que o caso e as diligências tomadas tinham igualmente sido comunicados à Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e que o hospital tinha iniciado "uma auditoria clínica do serviço de cirurgia geral".

Depois disto, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que regula da actividade dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde dos sectores público, privado, cooperativo e social em Portugal anunciou a abertura de uma investigação.

Na semana passada, o Ministério Público confirmou a instauração de um processo de inquérito sobre os casos denunciados.

Em resposta à agência Lusa, o Ministério Público informou que o processo "corre termos no DIAP da comarca de Lisboa Oeste secção da Amadora".

Contactada pela Lusa, fonte do Hospital Amadora-Sintra disse que a unidade ainda não recebeu as conclusões da investigação.

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