Membros de milícia nacionalista condenados por sedição na invasão do Capitólio

Quatro atacantes foram considerados culpados de conspiração sediciosa, uma acusação muito rara que reforça a ideia de que os acontecimentos de 6 de Janeiro foram um “ataque planeado à democracia”.

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A invasão do Capitólio, em Janeiro de 2021, terminou com 5 mortos JIM LO SCALZO/EPA
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Richard “Bigo” Barnett pousou para fotógrafos sentado na secretária de Pelosy JIM LO SCALZO/EPA

Quatro membros da milícia Oath Keepers foram condenados por conspiração sediciosa na invasão do Capitólio, a 6 de Janeiro, juntando-se assim a dois líderes do grupo nacionalista, incluindo o seu fundador, já condenados em Novembro pela mesma acusação – a mais grave de todas as que foram deduzidas pelo Departamento de Justiça nos Estados Unidos nas centenas de processos judiciais instaurados nos últimos dois anos. Segunda-feira foi ainda dia de outra condenação de um participante no ataque, Richard “Bigo” Barnett, um nome desconhecido da maioria, mas um rosto que ficou na história da invasão, como o do homem que pousou o pé na secretária de Nancy Pelosi.

Barnett entrou no gabinete da congressista democrata, que era presidente da Câmara dos Representantes, com uma arma atordoante, e foi considerado culpado dos oito crimes de que estava acusado, incluindo obstrução de um procedimento oficial (a certificação dos resultados da eleição presidencial de 2020, a decorrer antes da invasão), entrada e permanência num edifício de acesso restrito e roubo em propriedade do governo. “Só podemos imaginar o que teria acontecido, se [Pelosi] estivesse lá na altura”, afirmou o procurador federal, Alison Prout, citado pela agência Associated Press.

Como outros congressistas, Pelosi foi obrigada a fugir quando os manifestantes invadiram o edifício. A acusação defendeu que Barnett percorreu 1600 quilómetros desde a sua casa, no Arkansas, preparado para participar numa acção violenta. O antigo bombeiro, de 62 anos, disse ter sido apanhado “no momento” e que foi “seguindo a maré”.

Mais graves eram as acusações que enfrentavam, noutro processo, Joseph Hackett, 52 anos; Roberto Minuta; 38, David Moerschel, 45, e Edward Vallejo, 64, que, para além de conspiração sediciosa, foram condenados por obstrução ao Congresso e aos congressistas e de conspiração para obstrução. Hackett também foi condenado por destruição de provas. A obstrução, assim como a sedição, têm uma pena máxima de 20 anos de prisão, mas os jornais norte-americanos escrevem que as indicações para as sentenças são entre cinco e sete anos.

Stewart Rhodes, ex-militar e advogado, fundador dos Oath Keepers, e Kelly Meggs, líder da mesma milícia de extrema-direita no estado da Florida, foram os primeiros participantes no ataque ao Capitólio condenados por conspiração para manterem Donald Trump na Casa Branca, depois da vitória de Joe Biden. O julgamento dos quatro membros da milícia agora condenados é o segundo por sedição, decorrendo ainda um terceiro julgamento com vários acusados por conspiração sediciosa, estes membros da organização Proud Boys, incluindo o seu líder, Enrique Tarrio.

Estas duas milícias, constituídas por antigos militares e agentes da polícia, estão entre os principais grupos organizados envolvidos no ataque ao Capitólio.

Dos mais de mil acusados por crimes no Capitólio, são menos de 20 os que o Departamento da Justiça decidiu acusar de conspiração sediciosa, identificando-os “não como meros participantes num motim violento, mas também como líderes que usaram a brutalidade para promover uma conspiração política”, sublinha o diário The Washington Post. A condenação de mais estes membros da milícia Oath Keepers, continua o jornal, “reforça a tese da actual Administração de que o ataque de 6 de Janeiro não foi um protesto pacífico que correu mal, mas um ataque deliberado à democracia”.

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