Única vacina em ensaios contra sida cancelada na última fase de testes

Apelidada de Mosaico, tinha ultrapassado todos os ensaios clínicos até esta última fase, onde esbarrou e levou ao cancelamento do estudo: a vacina era segura, mas não protegia de uma infecção por VIH.

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Partículas do VIH (a vermelho) numa célula (a azul) cronicamente infectada pelo vírus NIAID

Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos anunciaram ter sido cancelado o estudo da única vacina contra o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que já estava na última fase de ensaios clínicos.

A vacina estava a ser desenvolvida por uma equipa de investigadores da empresa farmacêutica Janssen, que pertence à multinacional Johnson & Johnson, juntamente com cientistas de serviços públicos dos Estados Unidos.

Num comunicado divulgado na semana passada, os NIH, que são uma agência de investigação médica, adiantaram que os ensaios, realizados em três continentes e com 3900 voluntários, mostraram que a vacina “era segura, mas não fornecia protecção” contra a infecção do VIH.

A decisão de cancelar o estudo da vacina, conhecida como Mosaico, foi tomada depois de um conselho independente de fiscalização determinar que não cumpria os requisitos, segundo avançou a agência noticiosa espanhola Efe.

Segundo os NIH, a vacina baseava-se num “mosaico” de antigénios, que procuravam induzir uma resposta do sistema imunitário para combater várias variantes do VIH.

Um dos principais imunologistas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, considerou a notícia da suspensão do estudo “decepcionante”, mas defendeu que não se deve desistir de tentar encontrar uma vacina contra o vírus que causa a sida.

Mitchell Warren, director-executivo da AVAC, uma organização dedicada à prevenção do VIH, também expressou o seu descontentamento, num outro comunicado. “A dura verdade é que a ciência por trás do desenvolvimento de uma vacina contra o VIH é extremamente difícil, mas agora não é hora de recuar nas investigações em curso”, notou.

Os dados das Nações Unidas indicam que mais de 38 milhões de pessoas em todo o mundo vivem actualmente com o vírus e que em 2021 foram registadas 1,5 milhões de novas infecções.

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