PAN lamenta “delonga” e Chega critica “leviandade” de Pedro Nuno Santos

Mesmo depois de ter saído do Governo, o ex-ministro não se livra do julgamento da oposição.

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Pedro Nuno Santos à conversa com Fernando Medina (de costas) Nuno Ferreira Santos

Depois de o vice-presidente do PSD, Miguel Pinto Luz, ter criticado, logo na sexta-feira, a "incapacidade crónica" demonstrada pelo Governo em "lidar bem com a verdade" — como ficou claro pelas declarações do ex-ministro Pedro Nuno Santos sobre a TAP, de acordo com o social-democrata —, também o Chega e o PAN se referiram ao impacto que tal revelação tem no Governo. O partido de André Ventura criticou "a leviandade" com que Pedro Nuno Santos deu luz verde à indemnização da ex-secretária de Estado Alexandra Reis e questionou se o titular das Finanças nada sabia.​ E Inês de Sousa Real, porta-voz do PAN, lamentou que o ex-ministro não tenha feito mais cedo o "escrutínio".

Um dia depois de Pedro Nuno Santos ter confirmado que foi informado e deu "anuência política" à saída de Alexandra Reis da administração da transportadora com uma indemnização de 500 mil euros, o presidente do Chega, André Ventura criticou num vídeo distribuído pelo partido "a superficialidade, a leviandade com que os ministros tratam de questões tão importantes como esta". E concluiu: "Isto é grave de mais."

Para o deputado, o antigo ministro "apenas fez este comunicado porque sabia que, na comissão de inquérito, isto ia tornar-se claro como água" e "porque sabia que a TAP iria apresentar esta documentação".

André Ventura questionou ainda se, depois de Pedro Nuno Santos ter admitido que sabia da indemnização, qual o grau de conhecimento que o Ministério das Finanças, liderado por Fernando Medina, tinha do caso. "Será que o secretário de Estado das Infra-estruturas é tão incauto ou o ministro das Infra-estruturas é tão imprudente que nem sequer se lembrou de falar com os seus colegas das Finanças sobre o valor da indemnização?", questionou.

Pedro Nuno Santos confirmou na sexta-feira que deu "anuência política" para a saída da TAP de Alexandra Reis, acrescentando que foi informado "do valor final do acordo" entre as partes. Num esclarecimento público, Pedro Nuno Santos explicou que, desde que deixou o Governo, em 28 de Dezembro, reconstruiu a fita do tempo sobre a polémica saída da ex-secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis da companhia aérea portuguesa, que levou à sua demissão, admitindo que sabia que a indemnização paga tinha sido de 500 mil euros.

Também a porta-voz do PAN lamentou que Pedro Nuno Santos não tenha feito mais cedo o "escrutínio" sobre a indemnização de Alexandra Reis, mas saudou a sua "assunção de responsabilidades", esperando que seja replicada por Fernando Medina.

Num vídeo enviado às redacções, Inês de Sousa Real defender que "houve uma delonga em todo este processo que, de alguma forma, é incompreensível" e que devia ter sido evitada, tendo em conta que a TAP é uma empresa em que foi injectado "muito dinheiro público que faz falta para serviços e bens essenciais para o país".

Apesar desta constatação, Inês de Sousa Real elogiou a postura de Pedro Nuno Santos, considerando que "não deixa de ser positivo — e é um exemplo raro em política —​ que haja de facto uma assunção de responsabilidades públicas e políticas".

"Esperamos é que este exemplo seja replicado pelo Ministério das Finanças, pois não podemos esquecer que a TAP tem uma dupla tutela — das Infra-estruturas, mas também das Finanças — e certamente que, se foi dado conhecimento [da indemnização de Alexandra Reis] às Infra-estruturas e à Habitação, muito nos espanta que não tenha sido dado conhecimento ao Ministério das Finanças", sublinhou.

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