PSD diz que Medina perdeu “autoridade”. PS lamenta “política de suspeição”

Líderes das bancadas do PSD e do PS trocaram acusações no Parlamento a propósito da investigação ao ex-presidente da Câmara de Lisboa.

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Joaquim Miranda Sarmento não avançou com qualquer pedido para ouvir Medina no Parlamento Miguel Manso

O líder da bancada do PSD considerou que o ministro das Finanças, Fernando Medina, “não tem peso político” nem “autoridade política” para “ser o gestor dos dinheiros públicos”. A declaração de Joaquim Miranda Sarmento, a propósito dos contratos de ajuste directo assinados por Fernando Medina quando presidia à Câmara Municipal de Lisboa, suscitou, de imediato, uma reacção de Eurico Brilhante Dias, líder da bancada do PS: “O PSD diz que é uma questão política, eu acrescentaria que é de política de suspeição.”

Momentos antes, também no Parlamento, Joaquim Miranda Sarmento sustentou que “compete à justiça avaliar a legalidade dos actos praticados” na gestão da Câmara de Lisboa, que Fernando Medina liderou entre 2015 e 2021, mas condenou o alegado desconhecimento que o governante disse ter sobre a investigação judicial em torno de contratos de ajuste directo celebrados com o histórico socialista Joaquim Morão entre 2015 e 2017.

“O nosso ponto é político, o ministro não prestou os esclarecimentos. [Medina] Não tem o peso político, a autoridade política que se exige a este cargo, para ser o gestor dos dinheiros públicos, não tem autoridade para controlar os gastos do Estado”, afirmou, saudando a disponibilidade do ex-autarca para ser ouvido pelas autoridades sobre o caso que levou às buscas na Câmara Municipal de Lisboa nesta terça-feira.

"Péssimo serviço à democracia", diz PS

Questionado sobre se o PSD está a pedir a demissão do ministro, Miranda Sarmento remeteu essa decisão para o primeiro-ministro, embora tenha reiterado que Medina “não tem condições” para exercer o cargo. Já sobre eventuais pedidos de audição no Parlamento, o líder da bancada do PSD afastou, para já, essa hipótese, lembrando que Medina compareceu no Parlamento no passado dia 6 para dar explicações sobre a TAP por iniciativa do PSD.

A posição de Joaquim Miranda Sarmento surge na sequência das declarações de Fernando Medina, na tarde desta quinta-feira, sobre o processo em que a Câmara Municipal de Lisboa está a ser investigada e que conduziu às buscas da Polícia Judiciária.

Em defesa do ministro das Finanças, Eurico Brilhante Dias usou as declarações desta quinta-feira de Marcelo Rebelo de Sousa em que desvalorizou as consequências políticas da investigação em curso.

“Perante as declarações do Presidente da República, ainda hoje disse que numa investigação não só não há arguidos, como não se sabe o desenlace da investigação, o maior partido da oposição alinha na política da suspeição, que alimenta populismos e a extrema-direita parlamentar”, afirmou, atirando ao líder da bancada do PSD: “É um péssimo serviço à democracia.”

Defendendo que o país precisa de políticas "como a que fez o Governo ao dar mais meios para investigar", o líder da bancada do PS condenou o PSD por propor "zero" sobre políticas públicas, reiterando que o país dispensa políticos que "alinhem na primeira oportunidade pelo populismo mais rasteiro, que apenas alimenta um ambiente de degradação, o qual somente aproveita os inimigos da democracia”.

Questionado sobre se o PS irá aprovar eventuais pedidos de audição de Fernando Medina, Brilhante Dias disse que irá avaliar esses pedidos, se vierem a surgir, e lembrou que "em maioria absoluta o PS viabilizou dois terços dos requerimentos" para audições.

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