Vila Galé dá aumento médio de 11% dos salários este ano

Grupo hoteleiro, que conta com 1350 trabalhadores em Portugal, diz ter sido surpreendido pela positiva com os resultados de 2022.

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Grupo tem 27 hotéis em Portugal e prevê novas aberturas este ano Nelson Garrido

A Vila Galé vai aumentar em 11%, em termos médios, os salários dos seus 1350 trabalhadores em Portugal. De acordo com o administrador da empresa, Gonçalo Rebelo de Almeida, este aumento segue-se à subida de 7% que se verificou em 2022, e representará um acréscimo de despesa da ordem dos 4,5 milhões de euros – embora neste valor estejam também incluídos os 400 a 500 trabalhadores sazonais. O salário mínimo praticado na empresa também passa a estar fixado nos 900 euros, segundo este responsável, remuneração que abrange cerca de 25% dos trabalhadores.

O facto de ser um aumento médio, explicou Gonçalo Rebelo de Almeida num encontro com jornalistas, significa que a subida será “um pouco maior nos salários mais baixos” e menor nos salários mais elevados, diminuindo as diferenças remuneratórias. No caso do salário mínimo praticado, este estava nos 770 euros, pelo que a subida será de 16,9%.

E se no início de 2022 o administrador previa um recuo das receitas face a 2019 na ordem dos 10% a 15%, acabou por destacar que se enganou “redondamente”, mas com efeitos positivos: o volume de negócios chegou aos 135 milhões de euros em Portugal, onde há 27 hotéis do grupo, mais 12% face a 2019 numa base comparável, isto é, sem incluir novas aberturas.

Se se incluir as aberturas (três), a subida das receitas foi de 18% face ao que tinha sido o melhor ano do turismo em Portugal até agora. Embora as contas ainda não estejam todas fechadas, conforme destacou o presidente da empresa, Jorge Rebelo de Almeida, o resultado líquido também terá crescido face a 2019, ano em que registou um lucro de 30 milhões.

O pilar das receitas do grupo em Portugal foi o mercado interno, que representou 44% das dormidas, muito acima do segundo mercado, o Reino Unido (com 14%), e do terceiro, a Alemanha (com 7%). Ao todo, a Vila Galé registou 1,95 milhões de dormidas e 670 mil clientes.

Salientando a recuperação do mercado norte-americano (responsável por 2% das dormidas), os responsáveis da empresa referiram que houve dois mercados que ainda ficaram abaixo dos valores de 2019: Brasil e Alemanha. No primeiro caso, a recuperação começou mais tardiamente em relação a outros mercados, e, no segundo caso, as incertezas económicas e cenário de recessão afastaram turistas germânicos.

A subida das receitas, explicou Gonçalo Rebelo de Almeida, foi muito baseada na componente preço, destacando também a subida dos custos, com o cabaz alimentar, por exemplo, a subir 22% face a Dezembro de 2021.

No Brasil, onde a empresa detém dez unidades hoteleiras, as receitas subiram 14% face a 2019 numa base comparável, para 423 milhões de reais (cerca de 76 milhões de euros). Incluindo as novas unidades (duas, uma das quais aberta em Alagoas em Junho de 2022), a subida foi de 25%, para 464 milhões de reais (cerca de 83 milhões de euros). Neste caso, o mercado interno tem um peso de 93% nas dormidas, seguindo-se a Argentina (2,2%) e Portugal (1,5%).

Para 2023, os responsáveis da empresa dizem ter um optimismo moderado, numa conjuntura que pede “algumas cautelas”, seja por questões como a guerra na Ucrânia, seja devido à inflação e ao efeito da subida das taxas juro no rendimento disponível das famílias. Para já, a Vila Galé prevê abrir quatro novas unidades este ano em Portugal (Tomar, São Miguel, e Beja, aqui com um hotel vocacionado para crianças e outro para o agro-turismo), num investimento de cerca de 35 milhões de euros e com a previsão de criação de 170 empregos. No Brasil, a estratégia passa por três novos projectos.

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