Furacões e inundações provocaram perdas de 112 mil milhões de euros em 2022

Perdas anuais de milhares de milhões de euros podem tornar-se “o novo normal” para as seguradoras, à medida que eventos climáticos extremos aumentam de frequência e intensidade.

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Os Estados Unidos tiveram a maior parte das perdas devido ao furacão Ian, em Setembro MARCO BELLO/REUTERS

O furacão Ian nos Estados Unidos e as inundações e a Austrália ajudaram a fazer de 2022 um dos anos mais caros de que há registo para desastres naturais, disse a resseguradora Munich Re esta terça-feira, avisando que as alterações climáticas estavam a tornar as tempestades mais intensas e frequentes.

As perdas resultantes de catástrofes naturais cobertas por seguros totalizaram cerca de 120 mil milhões de dólares (cerca de 112 mil milhões de euros) no ano passado, valor semelhante a 2021, apesar de não chegarem aos prejuízos recorde de 2017, revelou Munich Re, a maior resseguradora do mundo.

A conta anual da Munich Re é superior à média de 97 mil milhões de dólares (90 mil milhões de euros) em perdas seguradas durante os cinco anos anteriores e excede uma estimativa inicial de 115 mil milhões de dólares (107 mil milhões de euros) no mês passado pela rival Swiss Re.

"Os choques climáticos estão a aumentar", disse Ernst Rauch, cientista climático chefe da Munich Re, à Reuters. "Não podemos atribuir directamente qualquer evento climático severo às alterações climáticas. Mas a mudança climática tornou os extremos climáticos mais prováveis.” As perdas anuais seguradas de 100 mil milhões de dólares, isto é, 93 mil milhões de euros, parecem ser "o novo normal", afirmou ele.

As perdas totais de catástrofes naturais, incluindo as não cobertas por seguros, foram de 270 mil milhões de dólares – 251 mil milhões de euros – em 2022. Isto é inferior aos cerca de 320 mil milhões de dólares (quase 298 mil milhões de euros) em 2021 e próximo da média dos cinco anos anteriores.

Os Estados Unidos voltaram a ser responsáveis por uma grande parte das perdas com o furacão Ian, que atingiu a Florida em Setembro, causando 60 mil milhões de dólares, isto é, 55 mil milhões de euros de danos segurados e 100 mil milhões de dólares em perdas totais.

As inundações na Austrália no início do ano e novamente em Outubro resultaram em 4,7 mil milhões de dólares (4,3 mil milhões de euros) de danos segurados e 8,1 mil milhões de dólares, o equivalente a 7,5 mil milhões de euros, no total.

O número recorde de chuvas de monções e o derretimento mais rápido dos glaciares resultaram em inundações no Paquistão que mataram pelo menos 1700 pessoas e causaram 15 mil milhões de dólares – perto de 14 mil milhões de euros – em prejuízos. A maioria dos danos não foi coberta pelo seguro.

Os cientistas defendem que os acontecimentos de 2022 foram exacerbados pelas alterações climáticas e que há mais – e pior – por vir à medida que a atmosfera da Terra continua a aquecer durante a próxima década e mais além.

As seguradoras têm, em alguns casos, aumentado as taxas que cobram em resultado da crescente probabilidade de desastres, e em alguns locais deixaram mesmo de fornecer cobertura.

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