Jorge Seguro Sanches pede “sentido ético e bom senso” a quem aceita entrar no Governo

O deputado considera que independentemente de se criarem mais mecanismos de escrutínio prévio, os candidatos a uma determinada função devem ter bom senso e reflectir antes de aceitar a nomeação.

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Jorge Seguro Sanches, deputado do PS, considera que as polémicas que atingiram o Governo tiveram uma "dimensão inquestionável" Rui Gaudencio

O ex-secretário de Estado socialista Jorge Seguro Sanches considerou esta segunda-feira essencial a exigência de sentido ético e bom senso a quem exerce funções governativas e classificou como inaceitável quem não avalia individualmente as condições para exercer cargos públicos.

Estas advertências de Jorge Seguro Sanches, actual deputado do PS eleito pelo círculo de Setúbal, constam de um artigo publicado no Diário de Notícias, no qual lembra que, quando formulou as suas expectativas para 2023, "estava longe de imaginar que tais votos viessem a ser colocados em causa, de uma forma tão violenta", nos dias seguintes.

"Desejei que fossemos capazes de devolver ética à política e assim dar mais dignidade ao serviço público, fundamental para reforçarmos a nossa democracia. Os últimos dias e semanas foram quase tudo ao contrário daquilo que entendo dever ser o exercício nobre da política e das funções de interesse público e de serviço ao nosso país", aponta o ex-secretário de Estado.

Jorge Seguro Sanches, quando desempenhou funções de secretário de Estado da Defesa, entre 2019 e 2022, teve uma acção considerada decisiva para a demissão de Alberto Coelho das funções de director-geral dos Recursos da Defesa Nacional – alto dirigente da administração pública que depois foi detido em Dezembro passado por suspeita de corrupção.

Neste seu artigo, Jorge Seguro Sanches frisa que "ser trabalhador ou funcionário público, dirigente da administração pública, gestor público ou, em especial, membro do Governo, são tarefas profissionais importantes que nos devem deixar orgulhosos, mas acima de tudo que nos devem obrigar a exercê-las com uma exigência que nos considere um exemplo cívico e também ético, para os restantes concidadãos".

"Não gerimos nada que seja nosso e, em especial por essa razão, temos de o fazer ainda com maior desinteresse pessoal e mais exigência", salienta. Numa alusão aos casos "em concreto" que ocorreram no Governo de António Costa, o deputado do PS reconheceu que tiveram "uma dimensão política inquestionável".

"E independentemente da demissão de quem quer que seja, ou da criação de qualquer instrumento de vetting sobre candidatos a uma determinada função, exige-se sentido ético e bom senso a quem aceita um qualquer convite para trabalhar para todos nós, sabendo que a sua vida profissional - mas também a de todos os outros que exercem funções de Estado - será vista com mais atenção e exigência para sempre", assinala.

Também numa referência indirecta a um dos casos que abalaram a estrutura do Governo, Jorge Seguro Sanches afirma que "o efeito contágio, de quem não avalia individualmente as suas condições políticas para o exercício de funções públicas, é algo inaceitável".

Jorge Seguro Sanches refere-se depois ao "efeito que estas acções mal medidas têm na percepção pública de um Governo e de uma administração pública que têm desenvolvido (e bem) medidas de redução do impacto, na vida dos portugueses".

"Se nos queremos queixar e apontar o dedo, com o mínimo de razão, do crescimento de movimentos populistas e radicais, temos mesmo (todos) de dar o exemplo", acrescenta o ex-secretário de Estado de dois dos três executivos de António Costa.

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