António Mota entrega liderança da Mota-Engil à terceira geração

Carlos Mota Santos, sobrinho de António Mota, é o nome proposto para chairman e para presidente da comissão executiva do grupo de construção, na sequência da renúncia de Gonçalo Moura Martins.

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António Mota liderou o grupo familiar desde 1995, mas vai manter ainda uma presença nos órgãos sociais Adriano Miranda

O presidente do conselho de administração da Mota-Engil, António Mota, e o presidente da comissão executiva, Gonçalo Moura Martins, renunciaram aos seus cargos de liderança na empresa para dar início a “um processo de mudança geracional e de renovação da alta gestão do grupo”. António Mota e Moura Martins passam a vice-presidentes da administração.

De acordo com o comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM), Carlos Mota Santos, sobrinho de António Mota, vai ser proposto na próxima reunião do conselho de administração para a presidência deste órgão social e da comissão executiva.

Carlos Mota Santos é membro da terceira geração da família fundadora e accionista de referência do grupo, construtor e “é um profissional com mais de 20 anos de prática, profundo conhecedor dos negócios e actividades do grupo, tendo iniciado funções técnicas na empresa após a conclusão da sua licenciatura em engenharia civil”, lê-se no comunicado.

É ainda referido que o jovem gestor “tem vindo a exercer funções de alta responsabilidade em todas as áreas de negócio, exercendo actualmente a função de vice-presidente da comissão executiva, liderada por Gonçalo Moura Martins”.

“Após a alteração da estrutura accionista, verificada em 2021 [marcada pela entrada do accionista de referência chinês], e da aprovação do Plano Estratégico para o período 2022-26 – Building 26 – e de forma totalmente concertada, consensualizada e participada pelos accionistas de referência do grupo, e por impulso dos próprios, decidiram os senhores Eng.º António Mota e Dr. Gonçalo Moura Martins renunciar às suas actuais funções”, refere a informação divulgada esta segunda-feira.

Contudo, a saída dos dois responsáveis do grupo de construção, mas com negócio em outras áreas, nomeadamente o ambiente, não é definitiva. De acordo coma mesma fonte, António Mota e Gonçalo Moura Martins “continuarão fortemente comprometidos com o desenvolvimento e acompanhamento do grupo, doravante numa maior vertente de supervisão e estratégia, como vice-presidentes do conselho de administração, participando activamente nos seus grandes desígnios, desde logo dando o seu contributo ao cumprimento do Plano Estratégico Building 26, cujo primeiro ano de aplicação tem sido um sucesso e que deixa antever um muito promissor futuro”, é afirmado no comunicado.

António Mota começou a trabalhar na empresa em 1976, ascendendo à liderança em 1995, cargo até então desempenhado pelo seu pai, Manuel António da Mota, fundador do grupo (em 1946).

Gonçalo Moura Martins tem uma ligação à empresa de 33 anos, presidindo nos últimos 10 à comissão executiva.

Aos dois líderes, juntamente com outros membros da família Mota, fica associada a transformação da construtora no “líder incontestado do sector em Portugal e a uma, ainda muito mais expressiva, multinacional do sector das infra-estruturas, prestigiada, independente e com marca reconhecida em três continentes”, refere a nota divulgada.

A empresa informa ainda que para a concretização da alteração anunciada vai ser convocada uma reunião do conselho de administração a decorrer neste mês de Janeiro, “bem como serão tomadas, neste fórum e em assembleia geral a convocar para o efeito, as deliberações tendentes à recomposição do conselho de administração bem como da comissão executiva, de que se dará conta oportunamente”. Acrescenta ainda que está previsto que o processo esteja concluído até final de Janeiro de 2023, para que as alterações organizacionais produzam efeitos a partir do próximo dia 1 de Fevereiro.

Para além da família Mota, que controla cerca de 40% do capital, a empresa conta com um accionista de referência, a China Communications Construction Company (CCCC), com cerca de 32,5% capital, mas com 35% dos lugares (o mesmo que a família fundadora) no conselho de administração.

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