(Des)Encantos do Natal: Como sobreviver emocionalmente à quadra

O Natal amplia questões financeiras, conflitos familiares e a solidão, reforçando o stress, a ansiedade e a depressão.

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"Pratique a atenção plena, pois assim vai evitar viajar e recear o futuro ou remoer o passado" Amy Humphries/Unsplash

Idealmente quando pensamos em Natal sentimos o aroma do arroz doce, o brilho da sala iluminada pelos presentes e o efeito das peras bêbadas.

Feliz ou infelizmente, não somos seres ideais e como seres reais, muitas vezes (mais do que as que gostaríamos) o Natal traz um agridoce de sonhos e sombras.

Muitas pessoas relatam esta época como uma das mais angustiantes do ano. Ora porque não querem voltar à casa onde cresceram e se sentiram tão sozinhos; porque não toleram mais a sensação de não pertencerem ou simplesmente, porque não têm dinheiro para os presentes.

O Natal amplia questões financeiras, conflitos familiares e a solidão, reforçando o stress, a ansiedade e a depressão. As autoridades revelam que na quadra natalícia há um aumento dos pedidos de ajuda devido a violência doméstica e familiar.

Em consultório costumo ter um aumento de pedidos de ajuda antes e depois do Natal e a quem já sigo, é claramente uma quadra muito falada em contexto terapêutico, especialmente este ano, após as limitações da pandemia, onde notei um aumento de expectativas face ao reencontro e magia do Natal, tal com um aumento de pressão para corresponder a expectativas nos convívios sociais.

Por tudo isto deixo algumas dicas que podem ajudar a lidar com esta quadra:

Ser generoso/a acima de tudo consigo mesmo. Têm sido anos difíceis e podemos não saber como os outros estão a lidar. Quando há aumento de pressão é comum aumentarmos a nossa autocrítica, e autogenerosidade significa baixar a auto-exigência.

Mantenha as coisas em perspectiva e regule tanto as expectativas como a tentativa de criar um Natal perfeito. Não há Natais perfeitos, há sim, Natais possíveis e reais. Em termos financeiros, relembre, que há muitas formas de dar, podemos dar tempo de qualidade, elogios, presentes ou simplesmente atos de serviço. A linguagem do amor tem várias possibilidades económicas, gratuitas mesmo. Descubra a sua.

Passar tempo com pessoas que o apoiam. Relembre que não há problema em dizer ‘não’ ou em mudar os planos que faria por obrigação, tradição ou simplesmente para agradar aos outros. Crie o máximo de oportunidades para conseguir relaxar e aproveitar, recriando assim novas memórias felizes desta quadra.

Esteja atento ao presente e vá agradecendo as pequenas coisas boas. Podem ser coisas simples como um cheiro bom, um embrulho bonito ou a lareira acesa. Pratique a atenção plena, pois assim vai evitar viajar e recear o futuro ou remoer o passado.

E por fim, mas não menos importante, fale sobre os seus sentimentos.

Desejos de bom Natal a todos! Oh Oh Oh!

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