Novo teste de ADN detectou 83% dos cancros colorrectais

Apesar dos resultados, a empresa que comercializa este teste teve uma queda abrupta nas suas acções, já que apresenta dados inferiores a uma das principais concorrentes.

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Análise do ADN a partir do sangue poderá ser um dos meios de diagnóstico de cancro no futuro próximo Rodrigo Garrido

A empresa médica Guardant apresentou, esta quinta-feira, os resultados do ensaio do seu teste de ADN a partir do sangue, onde mostra que este exame detecta 83% dos cancros colorrectais e 13% dos adenomas avançados, um precursor do cancro. Ainda assim, os resultados não são tão promissores quanto os de uma empresa rival, a Exact Sciences, que faz estes exames em fezes.

O valor das acções da empresa baixou consideravelmente depois do anúncio destes resultados. Alguns analistas de Wall Street, incluindo Puneet Souda da SVB Securities, tinha previsto que o ensaio, com 20 mil pessoas, mostraria sensibilidade suficiente para detectar 85% a 86% dos cancros colorrectais e 20% a 25% no caso dos adenomas avançados.

O Cologuard, um teste de ADN a partir de fezes, identifica 92% dos cancros colorrectais e 42% dos pólipos pré-cancerosos, de acordo com dados da Exact Sciences, empresa que comercializa o teste.

As acções da Guardant, que fecharam em 38,83 euros, caíram 39% para 23,53 euros nas horas seguintes ao anúncio dos resultados. As acções da Exact Sciences, por outro lado, subiram 25% para 52,69 euros.

“Estamos a mostrar pela primeira vez que um teste ao sangue pode realmente detectar cancro colorrectal com uma elevada sensibilidade”, diz Amir Ali Talasaz, um dos directores-executivos da Guardant.

A Guardant acrescenta que uma colonoscopia posterior descartou o cancro do colón em 10% das pessoas que testaram positivo no exame de ADN a partir do sangue.

Cerca de 70% dos adultos entre os 50 e os 75 anos têm o rastreio ao cancro colorrectal em dia, com base em todos os tipos de testes actuais, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

“Esta é uma carência enorme”, aponta Amir Ali Talasaz, referindo-se a um exame sanguíneo que permita detectar o cancro do colón. “Ainda existem 50 milhões de pessoas que não estão a cumprir os planos de rastreio do cancro colorrectal.”

Amir Ali Talasaz afirma que a Guardant espera enviar todos os dados ao regulador dos medicamentos nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), no início do próximo ano e “esperam obter a aprovação da FDA no início de 2024”.

As orientações dos centros médicos norte-americanos indicam que os testes de rastreio do cancro colorrectal com biomarcadores de sangue, e que tenham uma sensibilidade mínima de 74%, serão reembolsados, caso estejam aprovados pela FDA.

A Guardant é uma de várias empresas, na qual se incluem a Exact Sciences ou a Illumina’s Grail, que pretendem desenvolver testes de ADN a partir do sangue para detectar cancros numa fase inicial.

Neste momento, a Guardant está a recrutar pacientes para um outro ensaio, com um teste de ADN a partir do sangue, mas para detectar cancro do pulmão.

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