A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) alerta, num relatório divulgado esta sexta-feira, para os “impactos graves e irreversíveis” no ambiente se for ultrapassado o limite do aquecimento global de 1,5 graus Celsius (em relação aos níveis pré-industriais), fixado pela comunidade internacional em 2015.
“Ultrapassar 1,5°C provavelmente pode levar a impactos graves e irreversíveis, que devem ser evitados, aumentando a urgência de reduzir drasticamente as emissões nesta década”, refere o relatório “Pontos de Inflexão Climática – Conhecimento para Acções Políticas Eficazes”.
O relatório, que passou em revista vários estudos científicos, destaca como “particularmente preocupante” o “provável colapso das camadas de gelo da Antárctida Ocidental e da Gronelândia e o degelo abrupto do permafrost [terreno permanentemente gelado] no Árctico”, que podem levar à “subida adicional” do nível do mar e à libertação de mais gases com efeito de estufa para a atmosfera, agravando o aquecimento do planeta.
A OCDE, organização da qual Portugal é membro, defende que são necessárias “políticas adequadas” em “prazos relevantes” para atingir as “metas de mitigação”, enfatizando que “as provas científicas actuais apoiam inequivocamente uma acção climática sem precedentes, urgente e ambiciosa para enfrentar os riscos de pontos críticos no sistema climático”.
Tal significa, segundo a OCDE, que “é vital limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC, com pouca ou nenhuma superação desse limite”, definido no Acordo de Paris, em 2015, sob pena de haver “custos económicos e éticos imensuráveis num futuro próximo”.
Numa entrevista ao jornal francês Le Monde, também Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia responsável pelo Pacto Ecológico Europeu, disse que o Acordo de Paris estava “às portas da morte” – mas que “ainda está vivo”, ainda que a acção seja urgente.
O responsável disse ainda que a COP27 tinha sido “decepcionante”: “Nada foi feito para reduzir as emissões. Perdemos um ano”, disse.