Palcos da semana
Porto entre Sete Anos Sete Peças e “cinema do real”, Lisboa Por Este Rio Acima, Idanha-a-Nova à (música) antiga e Vila Franca de Xira em fotografia.
Anos em Dias
Para começar, uma dança em forma de combate, enquanto metáfora do dia-a-dia no que ele tem de luta activa pela liberdade, solidariedade e igualdade. É Segunda-Feira: Atenção à Direita a abrir um ciclo – ou um compacto – dedicado ao projecto Sete Anos Sete Peças, que a coreógrafa Cláudia Dias vem desenvolvendo desde 2016.
Terça-feira: Tudo o Que É Sólido Dissolve-se no Ar, Quarta-feira: O Tempo das Cerejas, Quinta-feira: Abracadabra e Sexta-feira: O Fim do Mundo... Ou Então Não são os outros espectáculos em cena. Conversas e apresentações de livros (Sábado e Domingo) juntam-se ao programa.
Fora do Lugar, à antiga
A música antiga, historicamente informada e, muitas vezes, tocada em instrumentos de época volta a pôr Idanha-a-Nova Fora do Lugar. O festival internacional regressa para a 11.ª edição, pronto a promover “diálogos entre o erudito e o popular, entre o antigo e o novo”, anuncia a organização.
O bandonéon de Martín Sued com o violão de Gabriel Selvage, o grupo Sephardica a abordar música das mulheres sefarditas, o ensemble Myrtho a tocar Ao Gosto de Eros, a Armonía Concertada da soprano María Cristina Kiehr e do alaudista Ariel Abramovich, Haydn pelo La Guirlande de Luis Martinez e a gambista Pilar Almalé fazem as honras musicais.
Um concerto secreto, “conversas caminhadas”, encontros com músicos, sessões educativas, cinema, gastronomia e exposições completam a paisagem.
Fausto a bordo
Em 1982, inspirado pelas crónicas de Fernão Mendes Pinto, Fausto Bordalo Dias editava Por Este Rio Acima e inaugurava com ele uma trilogia que traria Crónicas da Terra Ardente em 1994 e Em Busca das Montanhas Azuis em 2011. À Peregrinação original, foi adicionando mais e mais leituras suas, num conjunto de canções com história dentro, de um ponto de vista crítico e informado sobre a diáspora portuguesa.
Quarenta anos depois, prepara-se para rever esse primeiro disco em concerto – ou melhor, em dois concertos, já que a elevada procura de bilhetes levou à marcação de uma data extra. Não admira: além de estar em causa a celebração de um álbum de absoluta referência, é também uma oportunidade rara de ouvir Fausto ao vivo.
Ao som do real
Uma música mil vezes cantada e sentida dá o tom à nona edição do Porto/Post/Doc. O festival de “cinema do real” abre oficialmente com Hallelujah: Leonard Cohen, a Journey, a Song, documentário de Dan Geller e Dayna Goldfine sobre o hino de Cohen que ecoou em John Cale, Jeff Buckley, Rufus Wainwright e até em Shrek. Faz parte de Transmission, a secção musical do festival, também pautada por referências a Clã, Rui Reininho ou Michael Jackson.
No total, o cartaz alinha mais de cem filmes em dez dias, incluindo as oito longas da competição internacional, os 12 filmes lusófonos a concurso em Cinema Falado e os focos nos realizadores Márta Mészáros, Miklós Jancsó e Sierra Pettengill. Um segmento de School Trip (para crianças e famílias), conversas sobre Neurodiversidade – o tema desta edição – e sessões imersivas no Planetário são outros chamarizes.
Híbridos e prémios
Uma fotografia “expandida, cruzada, intermédia e híbrida” está em exposição em Vila Franca de Xira na sua 17.ª Bienal de Fotografia, um dos mais antigos eventos do género em Portugal. As palavras são da artista e investigadora Ana Rito.
É ela a curadora de Não Olhamos Duas Vezes a Mesma Imagem e Diante-Dentro (patentes, respectivamente, na Fábrica das Palavras e no Museu Municipal), preenchidas por obras de Gary Hill, Pierre Coulibeuf, Batia Suter, Marcelo Moschetta, Noé Sendas, Henrique Pavão, Manuela Marques, Os Espacialistas & Gonçalo M. Tavares, Rita Castro Neves & Daniel Moreira, Raquel Melgue e Paulo Lisboa.
São duas das três exposições que compõem a folha de sala. No Celeiro da Patriarcal está montada a principal, onde podem ser vistos trabalhos dos 11 seleccionados para os prémios atribuídos pela bienal.