Palcos da semana
Pippo Delbono a encenar com Amore , Simone a cantar Da Gente e Pedra Dura a dançar, com o cinema do Leffest e as artes performativas do Alkantara no horizonte.
Simone e os afectos Da Gente
À rota de celebração dos 50 anos de carreira de Simone não hão-de faltar êxitos como Jura secreta, Tô que tô, O amanhã, Apaixonada, Cigarra ou Começar de novo.
Mas há outras canções a disputar a atenção: as que gravou para Da Gente, o álbum que lançou este ano e que é o primeiro de estúdio desde 2013. Contém uma dúzia de temas maioritariamente de autores nordestinos. Uma das excepções é Nua, composta a meias com o português Tiago Torres da Silva.
Para a cantora brasileira, o essencial foi registar a importância e força dos afectos. “O que me salvou na pandemia foi o lado afectivo, o que veio de mim e o que veio para mim”, recorda.
De Delbono, por Amore
Já nos trouxe A Raiva, A Guerra, O Silêncio, o Evangelho e A Alegria. Agora é o Amore que move Pippo Delbono. O actor e encenador italiano vem apresentar o espectáculo que estreou com sucesso em Modena, há um ano, e que criou meses antes numa residência artística em Portugal, país com que diz ter “uma especial ligação sentimental”.
Foi então que recrutou Aline Frazão, Miguel Ramos e Pedro Jóia para o elenco, bem como Joana Villaverde para a cenografia. Fado e poesia encontram-se numa composição pictórica que interpela e comove pela vulnerabilidade.
“Vamos em busca do amor, como o Proust em busca do tempo perdido”, partilhava com o PÚBLICO naquele Verão de 2021. Agora, concretiza: “o caminho – feito de músicas, vozes, imagens – consegue, talvez, levar-nos a uma reconciliação, a um momento de paz onde esse amor se possa manifestar para além de qualquer medo”, cita a folha de sala.
Festival em Pedra Dura…
Lagos ensaia um novo festival dedicado à dança, com a missão de “abanar o terreno da criação artística” na paisagem cultural do Algarve, anuncia a organização. Para lembrar que “dentro de pedras existem diamantes”, assume-se como “símbolo de mudança e de possibilidade” e escolhe o nome de Pedra Dura.
A lapidar esta edição zero estão as Estrelas Cadentes (Metal e Melancolia) de Ana Borralho & João Galante, o Altas da Boca de Gaya de Medeiros e o Rubble King de Duarte Valadares. Na dança entram também o documentário de Marco Martins Um Corpo Que Dança, o vídeo da Escala Reduzida de Sofia Dias & Vítor Roriz, uma palestra, uma oficina, actuações de DJ e uma sessão de observação do céu nocturno.
Do crime à culpa
Onze filmes em competição e 17 fora dela – eis os números na tela da 16.ª edição do Leffest - Lisbon & Sintra Film Festival. No segundo grupo surge Crimes of the Future, o novo filme de David Cronenberg, projectado na abertura oficial.
O realizador é um dos muitos nomes da luxuosa lista de convidados: Stephen Frears, Jerzy Skolimowski, Julie Dash, Abel Ferrara e Angela Davis também vêm aí. John Malkovich prefere dar espectáculo em palco (The Infamous Ramírez Hoffman em estreia mundial). Olga Roriz participa com o projecto Corpoemcadeia e Dino D’Santigo contribui com um concerto.
Voltando ao cinema, o cartaz contempla ainda várias retrospectivas – Jim Carrey: Mito ou Realidade?, a integral de Sérgio Tréfaut (incluindo o novo A Noiva) e outra dedicada ao movimento LA Rebellion –, bem como conversas, debates, workshops e ciclos temáticos para Romper as Grades ou reflectir sobre a culpa.
O elefante na praia
Vânia Doutel Vaz põe O Elefante no Meio da Sala, enquanto Sofia Dias & Vítor Roriz interagem com outra dupla, os turcos Filiz Sizanli & Mustafa Kapla, em Never Odd or Even. São duas estreias absolutas que marcam esta edição do Alkantara Festival.
Neste lugar de encontro e intersecção das artes performativas há também lugar para a “praia” artificial da premiada ópera-performance Sun & Sea, para o Ôss inclusivo de Marlene Monteiro Freitas com a companhia Dançando com a Diferença e para criações de Jaha Koo, Ana Pi, Gio Lourenço, Hooman Sharifi, Ana Borralho & João Galante, Betty Tchomanga e Silke Huysmans & Hannes Dereere.