Rir para assustar o medo e pô-lo a fugir

Os medos não são todos iguais. Uns protegem-nos, outros paralisam-nos. Uma boa gargalhada leva-os para longe.

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Joana Maia
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Capa do livro “O Medo”, editado pela Alfarroba Joana Maia

Entra-se no livro com estas palavras: “O medo é um grande assustador. Desdobra-se em várias coisas.” Todos o conhecem, em maior ou menor grau, o que o motiva é que difere de uns para outros.

Se, por exemplo, o medo da dor ou da morte nos faz atravessar a estrada com cautela, e é, portanto, um receio protector; já o medo de falar em público ou de andar de avião pode impedir-nos de aproveitar certas oportunidades ou de viver experiências felizes. Se forem paralisantes e se transformarem em fobias, há que pedir ajuda profissional.

Os receios que se retratam no livro são comuns na infância: do escuro, das tempestades, do desconhecido e até um medo divertido, o de estar de cabeça para baixo.

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O que as autoras de O Medo sugerem é que a criança identifique o medo, não o ignore, “ele é paciente, sabe que tarde ou cedo irá conseguir um ou outro calafrio”, e o enfrente. Mas gritar que não tem medo pode ser insuficiente, “com isso pode ele bem”. Assim, sugerem, para quando o medo se aproxima e cresce: “Experimenta dar de repente uma gargalhada.” Isso, garantem, vai ofendê-lo. “— O quê? — Pergunta o medo, confuso e envergonhado, e fecha a sua porta.”

A abordagem original de Joana Barata ao tema do medo está bem acompanhada pelas imagens de Joana Maia. A artista plástica, mestre em Educação Artística, cria um ambiente em que predominam os tons cinzas e preto, com apontamentos de amarelo, num registo não demasiado soturno, mas que espelha a tristeza que o medo pode provocar nas crianças.

Na sua nota biográfica na editora Alfarroba, diz-se que a ilustradora “busca alimentar e provocar sensações que façam parar”. Neste caso, conseguiu-o nalgumas páginas, em que o leitor se detém algum tempo a descodificar e a fruir as imagens.

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Este livro tem a particularidade de dar acesso a um ficheiro de narração oral da breve história e com música em fundo de Gisela Canelhas. A compositora e pianista cria uma atmosfera de sons misteriosos, mas calmos e não assustadores, muito agradável de escutar. Está a terminar o Doutoramento em Media Digitais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com especialização na área de criação e produção audiovisual para crianças, e já tem dois álbuns editados: Lara no País da Música Canções para o Ano Inteiro (2019) e Armazém 14 (2014), um projecto realizado em colaboração com a Câmara Municipal de Torres Vedras.

As mesmas três autoras assinam juntas mais uma obra, editada recentemente. Tem por título A Floresta.

Livros para ler, ver e escutar. Sem medo.

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