O “efeito pandemia” começou a esbater-se nas mortes e nascimentos em Portugal

O saldo natural continua negativo, mas nos primeiros sete meses deste ano verificou-se um desagravamento do número de mortes e um ligeiro aumento dos nascimentos. Casamentos também subiram, segundo Instituto Nacional de Estatística.

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Nos primeiros sete meses deste ano nasceram 45.835 bebés, mais 1,7% do que no período homólogo de 2021 Manuel Roberto (arquivo)

Apesar de continuar negativo, o saldo natural desagravou-se nos primeiros sete meses de 2022. As estatísticas vitais divulgadas esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que de Janeiro até Julho deste ano o saldo natural (diferença entre nados-vivos e mortes) acumulado foi de -28.730, contra os 31.027 observados no mesmo período de 2021.

Longe de inverter a tendência que se repete desde há mais de uma década, com o número de mortes a superar consecutivamente o de nascimentos, o que vem tornando o país cada vez mais grisalho, este desagravamento deve-se tanto a uma ligeira diminuição do número de mortes como a um igualmente ténue aumento dos nascimentos. Se recuarmos a 2019, porém, o saldo natural continua desequilibrado: no ano imediatamente antes da pandemia, o saldo natural ficara-se pelos -18.541.

Contas feitas, de Janeiro a Agosto de 2022 registaram-se 83.971 óbitos, menos 1366 (1,6%) do que no período homólogo do ano anterior. De resto, os números relativos ao último mês de Agosto também apontam para uma diminuição dos óbitos comparativamente com o mês anterior, numa tendência reforçada pela diminuição do número de mortes por covid-19: estas representaram no referido mês 2,5% do total de óbitos.

Ainda assim, o indicador “excesso de mortalidade” calculado pelo Eurostat, e que compara o número de óbitos registados em cada mês nos países da União Europeia com o número médio de óbitos naqueles meses no período pré-pandémico entre 2016-2019, mostra que Portugal registou um excesso de mortalidade em todos os meses do corrente ano, à excepção de Janeiro. Em Julho de 2022, segundo o INE, enquanto o excesso de mortalidade nos 27 países da União Europeia (UE) decresceu para 6,2%, “Portugal apresentou um excesso de 23,9% - o valor mais elevado num conjunto de 29 países (a análise inclui, além da UE, dois países da Associação Europeia de Comércio Livre).

A constatação não é nova. Aliás, o Ministério da Saúde já tinha anunciado, em meados de Agosto, que está a preparar um estudo “aprofundado” sobre os excessos de mortalidade mais recentes em Portugal, mais concretamente nos períodos de maior intensidade pandémica e calor.

Casamentos a aumentar

Do lado dos nascimentos, nos primeiros sete meses deste ano foram registados 45.835 nados-vivos, ligeiramente acima (mais 1,7%) dos 45.059 bebés nascidos nos primeiros sete meses de 2021. São mais 776 bebés, o que, não sendo muito, parece contrariar o efeito directo que a incerteza económica do período pandémico teve no adiamento do projecto de ter filhos para muitos portugueses.

Com o desanuviamento da pandemia, e das respectivas restrições, os portugueses também parecem ter retomado os seus projectos de conjugalidade, já que nos primeiros sete meses de 2022 foram celebrados 18.818 casamentos, isto é, mais 5903 do que no período homólogo do ano anterior. Se compararmos os meses de Julho dos dois diferentes anos em análise, os casamentos celebrados aumentaram 14,8%. Por outro lado, os 18.818 casamentos dos primeiros sete meses do corrente ano representam um acréscimo de mais de dois mil casamentos se a comparação for feita com o período homólogo de 2019.

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