Portugal e Espanha registam em Junho as maiores taxas de mortes em excesso da UE

Ao contrário da tendência observada na média dos países da União Europeia, em Junho as mortalidade acima do esperado disparou em Portugal e Espanha.

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Portugal tem registado um crescimento progressivo do excesso de mortalidade desde Janeiro de 2021 PAULO PIMENTA

Portugal voltou a ficar muito acima da média europeia no indicador de excesso de mortalidade por todas as causas em Junho passado, no primeiro lugar nos países da União Europeia (com 23,9% de óbitos acima do esperado face à média dos quatro anos anteriores à pandemia), seguido de Espanha (16,7%), indicam os dados recolhidos pelo Eurostat que esta quarta-feira foram divulgados.

Em Maio, Portugal já tinha descolado da média da União Europeia no excesso de óbitos por todas as causas (com 19,2%) e ficado no topo da lista dos países para os quais o gabinete oficial de estatística da UE disponibiliza dados – além dos 27 da UE, a Islândia, o Liechtenstein, a Noruega e a Suíça. O excesso de mortalidade por todas as causas é a percentagem de mortes para além do esperado calculada pelo Eurostat com base na média mensal dos óbitos registada no período entre 2016 e 2019.

Reconhecendo que o padrão da mortalidade mudou desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde anunciou na semana passada que está a preparar um estudo “aprofundado” sobre os “excessos de mortalidade mais recentes” em Portugal, nomeadamente os que “coincidem com a maior intensidade epidémica da covid-19 e do calor”.

Mas este fenómeno não é exclusivo de Portugal - a maior parte dos países da UE tem registado óbitos em excesso por todas as causas desde o início da pandemia de covid-19. A diferença, este ano, é que em Portugal se tem observado um aumento progressivo do excesso de mortalidade acima da média da UE desde Março, ao contrário da tendência observada no conjunto dos 27 países da UE. Os dados do Eurostat também permitem perceber, porém, que entre Agosto de 2021 e Fevereiro deste ano o país ficou sempre abaixo desta média, depois de em Janeiro do ano passado ter atingido um pico sem paralelo (60,5%).

Os maiores picos de excesso de mortalidade no grupo dos países da UE foram registados, no primeiro ano da pandemia, em Abril (25%) e Novembro (40%), e, em 2021, em Abril (21%) e Novembro (26%).

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