NASA quer lançar Ártemis I a 23 de Setembro, mas há muitos “se” por resolver

Esta quinta-feira, a agência espacial norte-americana delineou os objectivos para a Ártemis I. No entanto, há pelo menos três condicionantes para ultrapassar se a NASA quiser lançar a 23 ou 27 de Setembro.

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O foguetão SLS mantém-se na plataforma de lançamento, onde está a ser reparada a fuga de hidrogénio que impediu o lançamento no último sábado JOE SKIPPER/REUTERS

O objectivo está anotado na agenda: 23 de Setembro. A NASA definiu esta data, uma sexta-feira, como a próxima meta para lançar a primeira missão do programa espacial Ártemis – se não der, 27 de Setembro é uma alternativa. No entanto, há muitas condicionantes para ultrapassar nestas duas semanas. A fuga de hidrogénio que cancelou a descolagem no último sábado não está resolvida, há um teste de abastecimento a meio caminho deste objectivo (em que a nota tem de ser positiva) e uma licença por aprovar.

Vamos por partes. A conferência de imprensa desta quinta-feira foi marcada por três “se”. Numa nova actualização sobre o estado da missão Ártemis I, as datas de 23 e 27 de Setembro foram avançadas na primeira intervenção de Jim Free, um dos responsáveis pela exploração espacial na NASA. Para poderem avançar, o primeiro passo será resolver a fuga de hidrogénio que deitou por terra o lançamento do último sábado – uma reparação que esperam concluir até ao final desta quinta-feira.

Depois, há um teste em que o foguetão Space Launch System (SLS) tem de passar. A 17 de Setembro, a agência espacial norte-americana realizará um teste de abastecimento para garantir que o isolamento que substituíram durante os últimos dias está a funcionar – é o segundo “se”.

O terceiro “se” está numa licença para que a NASA fique isenta de realizar novos testes aos sistemas de voo do SLS. Nesta conferência de imprensa, Jim Free anunciou que já foi pedida esta isenção à Eastern Range, responsável pelas autorizações no lançamento de foguetões.

E, se tudo correr bem, dia 23 ou 27 de Setembro teremos uma nova tentativa de lançamento da Ártemis I. A 23 de Setembro, há uma janela de duas horas para descolar do Centro Espacial Kennedy (Florida), entre as 11h47 e as 13h47 (hora de Portugal continental). Se avançarmos para 27 de Setembro, o período é mais curto: são 70 minutos, entre as 16h37 e as 18h37.

Mãos à obra

Esta terça-feira, a agência espacial norte-americana já tinha anunciado o início dos trabalhos de reparação do foguetão Space Launch System (SLS), com a substituição do selo que isola a peça na qual foi identificada a fuga responsável pelo adiamento da descolagem, no último sábado. A NASA espera que os trabalhos terminem já esta quinta-feira, depois ter sido montada uma cobertura de plástico em redor do foguetão.

A reparação do isolamento e de mais alguns testes serão feitos na plataforma de lançamento, o que permite às equipas técnicas recolherem mais dados sobre o foguetão SLS nas condições de descolagem. Ou seja, com hidrogénio líquido a temperaturas criogénicas (cerca de -252 graus Celsius). Os testes com este combustível, e nestas temperaturas, só são possíveis no bloco de partida, dado que são necessárias infra-estruturas e sistemas de refrigeração complexos que só estão presentes neste local.

A tentativa de manter o foguetão na plataforma de lançamento permite evitar um regresso à “oficina” e manter a expectativa de enviar o SLS para o espaço o quanto antes. Caso os “se” não resultem, o foguetão terá de voltar à base, realizando novos testes aos sistemas de voo do foguetão.

Nesta situação, além de regressar à “oficina”, teriam de existir novas datas marcadas para o lançamento da missão Ártemis I. A melhor perspectiva seria a meados de Outubro, como já tinha sido avançado na conferência que se seguiu à segunda tentativa falhada de descolagem, no passado sábado.

Depois de duas tentativas de lançamento canceladas, Jim Free não revelou, depois de questionado, o custo destes dois adiamentos. “O custo de um falhanço é muito mais alto que o custo de um adiamento”, limitou-se a responder.

A Ártemis I é um dos programas com metas mais ambiciosas desde a corrida espacial dos anos 1960 que colocou pela primeira vez um homem na Lua, na missão Apolo 11. Este novo programa espacial quer regressar à Lua e dar o salto para Marte, sendo a Ártemis I a primeira etapa desta longa jornada de exploração espacial.

Esta primeira missão não leva astronautas a bordo – isso está reservado para a Ártemis II. O foguetão SLS vai levar a Órion ao espaço, num teste de voo não tripulado em torno da Lua: um ensaio no espaço para garantir que tudo funciona correctamente. Quando será? Ainda não sabemos.

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