Ele desvalorizou a crise climática. Agora decide sobre ambiente no Reino Unido

Jacob Rees-Mogg é o novo ministro da Economia, com a pasta da energia, ficando responsável pela estratégia do Governo britânico sobre as alterações climáticas. No passado, o legislador expressou preocupações sobre o “alarmismo climático” e disse que a humanidade deveria adaptar-se às alterações climáticas, em vez de as mitigar.

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Jacob Rees-Mogg caminha esta terça-feira à noite à porta do número 10 da Downing Street, em Londres REUTERS/Toby Melville

A nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, nomeou Jacob Rees-Mogg, que manifestou cepticismo quanto à necessidade de combater as alterações climáticas, como novo ministro da Economia, com a pasta da energia. A decisão levanta a preocupação sobre a possibilidade de este responsável adiar o objectivo de alcançar “emissões líquidas zero” até 2050.

Rees-Mogg, apelidado de “the honorable gentleman from the 18th century” (o honorável cavalheiro do século XVIII, numa tradução literal) devido à sua postura e ao estilo dos fatos que usa, foi colocado na terça-feira à frente do Ministério da Economia, Energia e Estratégia Industrial, que é responsável pela estratégia do Governo sobre as alterações climáticas.

No passado, Rees-Mogg expressou preocupações sobre o “alarmismo climático”, disse que a humanidade deveria adaptar-se às alterações climáticas, em vez de as mitigar, e advertiu que o impulso para se chegar a “emissões líquidas zero” é responsável pelos elevados preços da energia.

Liz Truss apoiou o objectivo legalmente vinculativo de reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa zero até meados deste século, mas apoiou também o desmantelamento das taxas verdes e o regresso do fracking se houver apoio local.

O fracking é uma técnica de extracção controversa que envolve a injecção de uma mistura de alta pressão de água e produtos químicos no solo para libertar gás de volta à superfície. O processo pode induzir terramotos, mas também prejudica gravemente a saúde humana e o ambiente.

Um dos desafios que Rees-Mogg enfrenta é proporcionar um ambiente político claro e seguro para as empresas, depois de sucessivos governos conservadores terem produzido estratégias energéticas e industriais que foram abandonadas apenas alguns anos depois.

A Estratégia Industrial de 2017, que aspirava fazer do Reino Unido a economia mais inovadora do mundo, foi abolida pelo antecessor de Rees-Mogg, Kwasi Kwarteng, em 2021, que disse que era um “pudding without a theme”, ou seja, um plano sem objectivos claros e definidos. Alguns líderes empresariais britânicos disseram à Reuters que precisam de certezas para sustentar o investimento e expressaram cepticismo sobre se Rees-Mogg será capaz de dar essa garantia.

Rees-Mogg, 53 anos, líder do grupo de deputados antieuropeístas no Partido Conservador, era secretário de Estado para as Oportunidades do “Brexit” e Eficiência Governamental no Governo do primeiro-ministro Boris Johnson. Filho de um antigo editor do jornal The Times, Rees-Mogg foi criado pela sua ama - que agora cuida dos seus próprios seis filhos - e depois estudou em Eton, uma escola privada exclusiva, e na Universidade de Oxford, onde estudou história.

Rees-Mogg juntou-se à J. Rothschild na gestão de investimentos em 1991, concentrando-se nos mercados emergentes, e mais tarde trabalhou em Hong Kong. Criou então a sua própria empresa de gestão de activos. Desde que entrou para a política em 2010, Rees Mogg fez lobby para uma visão purista de Brexit e foi nomeado Líder da Câmara dos Comuns em 2019, no seu primeiro trabalho ministerial.

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