Economia com crescimento nulo em cadeia no segundo trimestre e de 7,1% em termos homólogos

Comportamento da economia portuguesa foi melhor do que o avançado pelo INE na estimativa rápida divulgada no final de Julho.

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Peso da procura externa líquida para a variação do PIB subiu no segundo trimestre. Daniel Rocha

A economia portuguesa registou uma taxa de crescimento nula no segundo trimestre deste ano, quando comparado com o trimestre anterior, numa revisão em alta face aos -0,2% adiantados pelo INE na sua estimativa rápida das contas nacionais divulgada no final de Julho. Já o crescimento do PIB em termos homólogos, de acordo com os dados do INE divulgados esta quarta-feira, foi de 7,1%, mais 0,2 pontos percentuais (p.p.) face à estimativa rápida.

Estes dados seguem-se a um crescimento em cadeia no primeiro trimestre de 2,5%, com a variação homóloga a chegar aos 11,8%. Os meses de Abril a Junho deste ano sofreram com as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia, com impactos, entre outros aspectos, no custo das matérias-primas, mas a economia portuguesa acabou por não assistir a uma contracção.

Com os dados agora conhecidos, fica mais perto a hipótese de a economia portuguesa registar, na totalidade do ano, uma taxa de crescimento superior a 6%, como foi projectado tanto pelo Banco de Portugal como pela Comissão Europeia.

Apesar do forte abrandamento, o impulso da procura interna para a variação do PIB foi de 3,7 pontos percentuais. (10 p.p. no trimestre anterior), uma queda que foi equilibrada com subida da procura externa líquida subido para 3,5 pontos percentuais (contra os 1,7 p.p. do período anterior), com as exportações de bens e serviços a crescerem mais do que as importações, impulsionadas por factores como a recuperação do turismo.

“No segundo trimestre, os preços implícitos nos fluxos de comércio internacional aumentaram significativamente, tendo-se registado uma maior aceleração nas exportações devido às componentes de serviços, determinando uma perda menos intensa dos termos de troca que no trimestre anterior”, refere o INE. “O efeito da evolução dos termos de troca conjugado com o comportamento positivo em volume”, refere-se, “resultaram numa melhoria do saldo externo de bens e serviços em termos nominais, situando-se em -2,2% do PIB (-3,6% do PIB no 1º trimestre)”.

Numa nota breve, o BPI referiu que os dados hoje conhecidos “sugerem que o crescimento em 2022 será forte, mas ligeiramente inferior à nossa actual previsão de 6,6%”. “No entanto”, refere, “a economia portuguesa enfrenta riscos desfavoráveis que poderão afectar a actividade, sobretudo na transição de 2022 para 2023, afectando de forma mais significativa o crescimento da economia em 2023”.

“As perspectivas menos favoráveis para o final do ano e para 2023 decorrem do facto de se perspectivar que as tensões no mercado de energia na Europa se irão prolongar, pressionando em alta os preços dos bens energéticos e impactando negativamente no consumo e nos custos de produção”, lê-se na nota, acrescentando-se que a procura “também será condicionada pelo aumento mais sustentado das taxas de juro, como forma de combater a inflação”.

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