Finlândia anuncia diminuição de vistos a russos a partir de Setembro

País diz que com o encerramento do espaço aéreo europeu a aviões saídos da Rússia, o aeroporto da capital está a servir de ponte para quem quer fazer férias noutros países europeus.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Pekka Haavisto (na foto, na cimeira da NATO em Madrid), quer propor um visto humanitário para russos que queiram deixar o país NACHO DOCE/Reuters

A Finlândia anunciou esta terça-feira que vai limitar o número de vistos a cidadãos russos a partir de Setembro. A decisão surge na sequência do pedido, na semana passada, do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aos países do espaço Schengen para que deixassem de conceder vistos a cidadãos russos.

A Finlândia anunciou a diminuição depois de a Estónia e Letónia já terem deixado de emitir vistos. No entanto, cidadãos com vistos de outros países poderão cruzar as fronteiras dos países.

Depois do encerramento do espaço aéreo dos países da União Europeia aos voos com origem na Rússia, as fronteiras terrestres continuaram abertas a quem tenha vistos. Países na fronteira queixaram-se de “sofrerem as consequências”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Pekka Haavisto, explicou que desde que a Rússia levantou, há um mês, restrições relacionadas com a covid-19, a Finlândia e o seu aeroporto começaram a funcionar como uma ponte para russos que fazem férias em outros países do espaço Schengen, diz a agência Reuters. “Isto talvez não seja muito apropriado se pensarmos nas restrições de espaço aéreo a que a Rússia está sujeita.”

O ministro anunciou ainda que serão concedidos apenas 10% dos vistos em relação ao número habitual.

A notícia de redução ou limites aos vistos levou a um grande aumento de pedidos feitos na Rússia, segundo o diário russo Kommersant, citando fontes de operadores turísticos.

A Comissão Europeia já veio dizer que cabe a cada país decidir sobre uma política de vistos. A questão poderá, no entanto, ser discutida num conselho informal em Bruxelas, segundo o diário britânico The Guardian. Mas para já há uma oposição forte da Alemanha, onde o chanceler, Olaf Scholz, diz que esta é “uma guerra de Putin” e não dos russos.

A ideia de restringir os vistos tem apoiantes, que argumentam que se trata de mais uma sanção, como outras que também atingem a população toda e não só o regime que decidiu levar a cabo a guerra. E também tem críticos entre os que temem que dificulte ainda mais a saída de dissidentes da Rússia, e que o isolamento não leve a população a revoltar-se contra o regime.

A Finlândia estava a estudar a criação de um visto nacional humanitário que pudesse ser dado a russos que quisessem deixar o país, ou viajar para países europeus para levar a cabo trabalho jornalístico ou activista, indicou ainda o ministro.

O número de pessoas russas a viajar para a Europa diminuiu em cerca de 90% em relação ao período anterior à guerra, disse Maya Lomidze, da Associação de Operadores Turísticos da Rússia, ao Kommersant, segundo a Radio Free Europe. Quem tem procurado vistos, acrescentou a responsável, tem tido como maior objectivo viajar para locais de férias em França, Itália, Espanha e Grécia.

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