Barbara Natterson-Horowitz: “O excepcionalismo humano é excepcionalmente perigoso para os humanos”

Os animais são uma fonte de conhecimento para a saúde humana, defende a médica Barbara Natterson-Horowitz. Se “continuarmos a ser irresponsáveis” em relação à preservação da biodiversidade, este conhecimento também irá desaparecer.

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Um grupo de flamingos alimenta-se numa reserva na Colômbia Joaquin Sarmiento/Reuters

Tudo começou com uma fêmea de saguim-imperador. Em 2005, Barbara Natterson-Horowitz foi chamada ao jardim zoológico de Los Angeles para ajudar numa cirurgia de uma macaquinha com problemas cardíacos. Médica cardiologista com uma especialidade em psiquiatria, a norte-americana dirigiu-se ao zoo e entrou no consultório, onde se deparou com a primata ainda na jaula. Numa tentativa de a acalmar, a médica começou a olhar para a fêmea e a falar com ela até o médico veterinário chamar-lhe a atenção: “Por favor, pare de estabelecer contacto visual. Vai provocar-lhe miopatia de captura.”

Barbara Natterson-Horowitz nunca tinha ouvido falar naquele termo. Em casa, compreendeu que aquela doença estava descrita há décadas nos manuais de medicina veterinária. Quando apanhados por predadores, os animais podem ter um pico de adrenalina na corrente sanguínea capaz de danificar o coração e até levar à morte. Olhar directamente para um animal capturado pode provocar o mesmo fenómeno.

A surpresa aumentou quando a médica se apercebeu das semelhanças entre a miopatia de captura e a miocardiopatia de Takotsubo, em humanos. O fenómeno tinha sido descrito poucos anos antes, em alguns casos é originado quando alguém sofre de um momento de stress intenso e provoca os efeitos semelhantes aos da cardiopatia de captura. Barbara Natterson-Horowitz apercebeu-se de que, apesar de a medicina veterinária conhecer este fenómeno há décadas, ele tinha-se mantido invisível para a medicina humana.

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Barbara Natterson-Horowitz é médica cardiologista Joanna DeGeneres

Desde então, a especialista iniciou uma investigação profunda sobre a saúde no reino animal e as suas ligações com a saúde humana. Um dos resultados desse estudo foi o livro Zoobiquidade – O que os Animais nos Podem Ensinar Sobre Sermos Humanos, editado originalmente em 2013 e publicado em Junho em Portugal pela editora Pergaminho.

Escrito a quatro mãos com a jornalista de ciência Kathryn Bowers, o livro começa por descrever o encontro que a médica teve com a fêmea de saguim-imperador e aborda temas como a obesidade, o cancro, a sexualidade, as doenças cardíacas e os distúrbios psicológicos em animais, e como esse conhecimento pode ajudar não só a contextualizar aspectos da saúde humana, como o desenvolvimento de ideias para a prevenção e a cura.

A grande premissa do livro é a de que a fisiologia humana é o resultado de uma história de milhões de anos dentro do contexto da evolução dos vertebrados e dos mamíferos. Por isso, há muito mais a unir os humanos aos mamíferos do que a separar. E traz também uma crítica forte ao excepcionalismo humano, vigente no pensamento da medicina, que olha para as doenças humanas como sendo únicas e inferioriza o conhecimento vindo de veterinários e biólogos: “Sabemos que a espécie humana é uma entre milhões. Devemos abraçar essa comunidade em vez de insistir na diferença.”

No contexto norte-americano, diz no livro que a separação da educação da medicina veterinária e da medicina humana no final do século XIX foi determinante para o isolamento do estudo da saúde humana. Porquê?
Ela faz parte de uma longa tradição do excepcionalismo humano no campo da medicina, feito de suposições não confirmadas sobre a singularidade das doenças que atacam a nossa espécie. Quando escrevemos o livro, desafiámos essa suposição. Acreditamos que este ponto de vista antropocêntrico tem sido uma venda nos olhos que tem impedido os cientistas de reconhecerem padrões e conexões. Uma vez identificados, podem-se resolver certos mistérios médicos e, possivelmente, ajudar a descobrir curas.

Enquanto médica, comecei a perguntar-me: se me distanciasse da ideia de que há uma causa humana e moderna para as doenças, e realmente começasse a olhar para os meus pacientes humanos como animais humanos, a que tipo de questões conseguiria dar respostas? Quais as doenças que poderia tratar melhor e, até, prevenir? Para isso, comecei a falar com veterinários, professores em medicina veterinária e biólogos que lidam com a vida selvagem. Não fazia parte da cultura da medicina humana ir à procura da medicina veterinária. Quando se começa a olhar para os problemas de saúde nessa perspectiva, isso permite compreender um doente de uma forma muito mais profunda.

Pode dar um exemplo?
À medida que os nossos oceanos vão ficando mais poluídos com contaminantes, vai havendo uma maior concentração destes tóxicos [na gordura] das fêmeas dos mamíferos marinhos. As fêmeas vão engravidar e dar de mamar aos seus juvenis. Os químicos são libertados durante o período de lactação e passam para os juvenis. Isto é verdadeiro nos mamíferos marinhos e em algumas comunidades humanas.

Houve um grupo de baleias-brancas no Canadá que começou a morrer e os veterinários foram capazes de determinar que muitas delas tinham cancro da mama que se tinha metastizado. Os investigadores descobriram que havia fábricas de fundição de alumínio e que as toxinas das fábricas estavam a ser descarregadas para a água. As mulheres que estavam a viver nas comunidades costeiras também sofreram um aumento de cancro da mama.

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Um grupo de girafas num parque selvagem em Woburn, no Reino Unido Andrew Boyers/Reuters

Porquê inventaram a palavra “zoobiquidade"?
Queríamos uma palavra que reunisse as duas culturas da medicina humana e medicina veterinária, por isso usámos uma palavra de origem grega ("zoo") e outra de origem latina ("ubíquo"). O meu objectivo era captar o interesse, o entusiasmo e o envolvimento de profissionais da saúde humana e dos seus pacientes. Queríamos também enfatizar que a zoobiquidade se relaciona com todos os problemas, não é só sobre as infecções, como o vírus do Nilo Ocidental, o ébola e a gripe suína. Também estamos a falar de saúde mental, sexual, reprodutiva, ortopédica, fertilidade, doenças cardíacas.

Depois de estudar a profundidade dessas relações, relata que nunca mais olhou da mesma forma para um coração humano. O que mudou?
Tudo. Sou cardiologista e a doença cardíaca é a maior causa de morte nas mulheres e nos homens. No entanto, as mulheres são mais vulneráveis a determinados tipos de doenças cardíacas. E porquê? Se olharmos para as várias espécies de animais, começa-se a observar que algumas destas diferenças existem em outros mamíferos.

Quando há hipertensão, o músculo cardíaco tem de bombear com mais força para lançar o sangue para o corpo. Como qualquer músculo, se trabalha mais vai começar a crescer, especialmente o ventrículo esquerdo, que engrossa, fica rígido e não consegue relaxar como deve ser. Isso leva à insuficiência cardíaca. As minhas pacientes com este problema ficam sem fôlego quando sobem umas escadas. Pode ser devastador.

Haverá outros animais com a pressão arterial alta, mas talvez não tenham este problema. As girafas têm a pressão arterial mais alta do que qualquer outro animal. Isto porque o cérebro está três metros acima do coração, por isso a pressão que o coração tem de enfrentar para levar o sangue ao cérebro é muito maior. O coração das girafas fica mais grosso comparado ao nosso. No entanto, as girafas têm de fugir dos predadores a 40 quilómetros por hora. Se elas ficassem sem fôlego com a doença, não existiriam pescoços longos. Por isso, houve esta inovação que permite à girafa tolerar esta pressão muito alta sem haver insuficiência cardíaca. Isto é o tipo de revelação que se pode ter. Se olharmos para o mundo natural e começarmos a olhar para a inovação que existe na diversidade que a evolução produziu, é possível encontrarmos modelos para resolver estes problemas médicos.

A sexualidade nos animais pode ajudar a pensar problemas ligados à sexualidade humana?
No livro, olhámos para o desejo sexual hipoactivo, que é o jargão médico para o baixo desejo sexual, nas fêmeas. Para os homens, as duas queixas mais comuns são a ejaculação precoce e a disfunção eréctil. Começámos a olhar para os caminhos fisiológicos da erecção em outras espécies e descobrimos que a biologia é muito semelhante nos mamíferos.

Quando um macho está a copular em certas sociedades de mamíferos, por exemplo, nos lémures-de-cauda-anelada, há muita competição entre os machos para acederem às fêmeas. Quando um macho está num momento de cópula, com uma erecção, algumas vezes outro macho pode agarrá-lo ou iniciar um acto de violência. Quando há violência ou stress, é importante que a erecção seja perdida, para que o animal possa responder ao que se está a passar. O mesmo acontece quando existem predadores. Para um mamífero macho que esteja na natureza, a erecção é necessária para a cópula, mas também é necessário sobreviver. Ter esta ligação neurológica com a erecção e que permite que ela possa ser terminada quando há uma ameaça externa, é uma grande adaptação.

Enquanto psiquiatra, nunca pensei sobre a sexualidade animal, muito menos nas erecções nos animais. De repente, faz mais sentido. A maioria de nós não corre o risco de ser comido por um predador, mas temos motivos de stress: temos um chefe difícil, temos relações muito problemáticas. E também temos esses antigos caminhos [neurológicos] que mantiveram os nossos antepassados vivos. Por isso, de repente olhamos para a disfunção eréctil e colocamo-la num contexto biológico. Acho que isso diminui a vergonha, o estigma, e coloca um homem com um pénis no contexto do [mundo animal no] planeta Terra.

Qual a importância de termos em conta a nossa história evolutiva na luta contra a obesidade?
Na natureza há ciclos. Em algumas estações pode haver muito para comer e noutras não. Sabemos que a inanição para um animal é sempre uma ameaça. Por isso, o corpo dos animais evoluiu sabendo que vai haver falta de calorias em algum momento. Se olharmos para os ursos, eles têm de consumir grandes quantidades de calorias antes da hibernação. Depois de hibernarem, muita da gordura desapareceu e eles estão mais magros.

Por isso, na natureza é muito fácil ganhar peso porque os animais durante centenas de milhões de anos enfrentaram a fome como uma ameaça. Todos os animais têm um metabolismo que os ajuda a proteger da fome. Os humanos herdaram o mesmo metabolismo, mas estamos num ambiente cheio de alimentos. Essa é a diferença.

Muitos responsáveis de saúde pública dizem que a obesidade é uma doença do ambiente. Em vez de culpar os indivíduos e fazer com que as pessoas se sintam um fracasso e que não têm força de vontade, deve-se olhar para o ambiente.

O que causa o preconceito médico em relação aos estudos animais?
O excepcionalismo humano. Há esta reacção: “Ah, mas esse estudo é em ratinhos, nós somos humanos.” Essa atitude vem de séculos de antropocentrismo, que diz que somos diferentes, estamos à parte e esquece-se que a nossa espécie é muito nova, temos apenas 200.000 anos. O nosso antepassado comum com os chimpanzés tem apenas sete milhões de anos e os primeiros mamíferos têm 200 milhões de anos. A maioria da biologia é a mesma. Há diferenças, mas tivemos apenas 200.000 anos para desenvolvê-las. Quando pensamos na relevância da biologia animal em relação à nossa biologia, deveríamos assumir que existem semelhanças e não diferenças. Sabemos que a espécie humana é uma entre milhões. Devemos abraçar essa comunidade em vez de insistir na diferença.

O mundo atravessou a epidemia do ébola, do Zika, vive ainda a pandemia da covid-19. São doenças relacionadas com animais e com a crescente actividade humana. O que mudou com estes eventos em relação à ideia de uma saúde que pensa na realidade animal e humana?
Há uma maior consciência sobre a sobreposição de doenças entre animais e humanos. Mas, a realidade profunda e igualmente importante é que a conexão entre homens e animais se estende muito para lá das doenças infecciosas. Pagamos um preço por não conhecer estas outras conexões. Podemos atrasar o desenvolvimento da prevenção e da cura de doenças. Costumo dizer que o excepcionalismo humano é excepcionalmente perigoso para os humanos.

Os animais que vivem à volta das cidades e nas casas das pessoas, algo que está a aumentar em todos os lugares porque estamos a ficar mais apertados, também são vulneráveis a doenças não transmissíveis. Quer seja cancro da mama nas baleias, a disfunção eréctil nos lémures, a mudança do rácio sexual em alguns animais ou a depressão pós-parto numa vaca ou numa cabra.

À medida que partilhamos cada vez mais o nosso ambiente, os desafios que temos de enfrentar enquanto humanos, como​ as doenças que podemos desenvolver, os animais também podem desenvolvê-las. Quando olho pela minha janela, vejo grandes ciprestes, vejo os esquilos que sobem e descem as árvores, os guaxinins, os coiotes. As fêmeas [destas espécies] têm vaginas, úteros, tecidos mamários, ovulam. Os químicos que estão no ambiente e que me afectam a mim e à minha filha, também afectam os úteros, os endométrios, os ovários daquelas espécies de forma semelhante. Isto é importante, é uma fonte de informação. Mas se só olharmos para os humanos, se nem virmos aqueles animais como indivíduos que têm ovulação, condenamo-nos a olhar apenas para uma fracção daquilo que poderíamos ver.

Muitos cientistas alegam que estamos a viver a sexta grande extinção da Terra. Que impacto tem para o estudo da zoobiquidade?
Muitos dos factores ambientais que estão a causar tantas espécies a não sobreviver são ameaças directas à nossa saúde. Sabemos que a saúde das fêmeas de cada espécie molda a saúde de toda a espécie porque a reprodução é um enorme gargalo. Rachel Carson lançou o movimento ambientalista em 1962 com a publicação do livro Primavera Silenciosa, que é a história do grande desafio da reprodução das fêmeas. O pesticida DDT, que estava em todo o lado de forma desregulada, estava a causar danos aos ovos de aves de rapina e a devastar a capacidade reprodutiva destas aves. E a Rachel Carson morreu em 1964 devido a complicações causadas pelo cancro da mama. Agora sabemos que o DDT está directamente ligado ao cancro da mama nas mulheres. Para mim, há esta conexão.

Uma das minhas citações favoritas é do livro dela que diz “na natureza nada existe isoladamente.” Esse é o ponto da zoobiquidade, há pouquíssimos problemas de saúde que sejam apenas humanos. Escrevi num artigo que “na natureza, nenhuma fêmea existe isoladamente”. Actualmente, o mundo é uma grande mina e cada espécie tornou-se o canário de todas as outras. A saúde dos outros animais tem uma importância directa para a saúde dos meus pacientes humanos.

Com a extinção das espécies, teremos menos oportunidade de aprender sobre a saúde humana?
Definitivamente. Falei sobre as girafas: esta espécie majestosa que pode ter uma tensão arterial alta, um coração grosso e não apresenta as falhas que nós apresentamos. Há exemplos incontáveis que nós nem sequer conhecemos contidos na biodiversidade. Mas se continuarmos a ser irresponsáveis em relação à preservação da biodiversidade, esses exemplos vão desaparecer para sempre. Eles são valiosos, são insubstituíveis.

Mas isso também é o ponto de vista humano. A questão vai além disso, estamos a prejudicar-nos. A biodiversidade faz parte da saúde do planeta. O director-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que as alterações climáticas são a principal ameaça à saúde humana. Sendo eu e os meus colegas médicos, quando fazemos o Juramento de Hipócrates, juramos que vamos fazer tudo o que podemos para salvar as vidas humanas e reduzir o sofrimento humano. A OMS está a dizer que a má saúde do planeta é a ameaça principal à saúde humana, isto é um apelo à acção para todos nós. Mas não tem sido uma prioridade profissional.

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O lince-ibérico é uma espécie de felino em perigo de extinção Daniel Rocha/Público

Como é que o estudo da zoobiquidade mudou como ensina os seus estudantes?
De uma forma radical. Defendo junto dos alunos que, se observarmos várias espécies, é possível compreender porque é que certas coisas acontecem. Há o caso das pessoas que desmaiam quando lhes retiram sangue. Costumava ensinar que isto era uma situação paradoxal. O desmaio acontece porque a pessoa estaria com medo. Em vez do coração começar a bater mais depressa, que é o que se esperaria, o coração desacelera, não há sangue suficiente a ir até ao cérebro e a pessoa desmaia. Comecei a fazer um estudo para perceber em que outros animais também vemos uma diminuição do batimento cardíaco em resposta ao medo. Descobri que isso acontece em mamíferos, aves, répteis, anfíbios e até em peixes. É uma forma muito eficaz para evitar ser-se comido por um predador em certas circunstâncias. Quando desmaiam, os predadores não vêem ou não ouvem as presas. Por isso, em vez de dizermos aos estudantes que não sabemos, que é um paradoxo, de repente há um contexto em que podemos explicar porque esta é uma reacção adaptativa. Isso faz com que cada estudante comece a compreender que muitos outros sistemas podem ser entendidos dessa forma.

O que a surpreendeu mais durante a pesquisa deste livro?
Uma das coisas foi o cancro de mama. Lembro-me quando me deparei com um artigo que se chamava “Carcinoma mamário em mamíferos”. Mostrava casos de cancro mamário em coalas, pandas, baleias, felinos como jaguares e leões. Isso foi muito surpreendente. Outro momento de espanto foi a quantidade de problemas ligados a questões de doenças e saúde mental: os fenómenos de automutilação, os distúrbios de alimentação. Por exemplo, nunca me ocorreu que poderia existir uma situação de dieta nos animais. Os peixes da espécie Paragobiodon xanthosoma vivem juntos em grupos protegidos numa estrutura de coral, e estão a salvo dentro da estrutura. No coral há um peixe dominante, que é maior. E o peixe grande deixa os outros em paz, até que um dos peixes cresça. Nesse momento, o dominante apercebe-se, ataca e expulsa esse peixe que acaba por ser comido. Uns investigadores descobriram que os peixes subordinados restringem a sua alimentação, mesmo que haja alimento disponível, e descreveram aquilo como sendo uma dieta.

A sua relação com os animais mudou?
Sim, tornei-me obcecada. Os animais são uma fonte sem fim de fascinação e de novo conhecimento. As conexões que sinto com os outros animais são diárias. Não é sobre serem fofinhos. Os animais não humanos sentem dor, sei que eles têm altos e baixos no seu humor. Sei que há variações na vida sexual dos animais. Eles são indivíduos. Quando olho para um bando de aves, não vejo um bando, vejo indivíduos e isso também me ajuda a ver a individualidade nos humanos.

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