Forças de segurança do Sri Lanka desmantelam acampamento de protesto

Manifestantes em Colombo foram desalojados de forma violenta pelas autoridades depois de o novo Presidente, Ranil Wickremesinghe, ter ordenado às Forças Armadas para se “prepararem para manter a ordem pública”.

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A polícia expulsou os manifestantes antes de terminar o prazo dado pelas autoridades para desocupar o campo junto ao edifício da presidência EPA/CHAMILA KARUNARATHNE

Centenas de pessoas voltaram a manifestar-se esta sexta-feira na capital do Sri Lanka contra a acção das autoridades que desmantelaram de forma violenta um acampamento de protesto e a ocupação de edifícios governamentais.

"Viemos protestar contra (o recém-nomeado presidente) Ranil Wickremesinghe e a presença dos militares. Não era isto que queríamos. Vamos manter o nosso protesto”, disse à agência espanhola Efe um manifestante na cidade de Colombo, que pediu anonimato.

Durante a madrugada, centenas de agentes da Polícia e efectivos do exército do Sri Lanka desalojaram os manifestantes que se mantinham desde o dia 9 de Julho no edifício onde funcionam os serviços da Presidência do país e que tinham sido ocupados.

As forças de segurança retiraram também as tendas que tinham sido montadas no centro da cidade pelos manifestantes contra o ex-chefe de Estado Gotabaya Rajapaksa, a figura central das críticas pela situação económica em que o país se encontra.

De acordo com um outro manifestante, o acampamento de protesto foi cercado na quinta-feira por “500 ou mil efectivos” do exército e que prolongaram a operação durante a madrugada.

Segundo as fontes da Efe, 40 manifestantes ficaram feridos durante a intervenção das autoridades.

Ranil Wickremesinghe emitiu durante a noite, após ter sido nomeado chefe de Estado pelos deputados (após escolha por voto secreto no Parlamento), uma ordem às Forças Armadas para se “prepararem para manter a ordem pública”.

O novo presidente deu um prazo de 72 horas para que os vários acampamentos de protesto sejam desmantelados e que termine a ocupação dos edifícios governamentais.

Os actos de violência registados nas últimas horas foram condenados pela oposição e pelas organizações não-governamentais do Sri Lanka e entidades estrangeiras.

A polícia ainda não forneceu o número de feridos que resultaram na intervenção da última madrugada.

A embaixadora norte-americana em Colombo, Julie Chung, disse estar “profundamente preocupada” com a operação militar das últimas horas e apelou à contenção.

"Pedimos de imediato às autoridades para pararem e prestarem apoio médico aos feridos”, disse a embaixadora dos Estados Unidos através de uma nota que difundiu através da rede social Twitter.

O embaixador do Canadá tomou a mesma posição contra a “violência policial” e a Amnistia Internacional condenou a acção, exortando as autoridades a respeitar os movimentos dissidentes.

O Sri Lanka enfrenta uma séria escassez de alimentos, medicamentos e de combustível.

A crise económica foi desencadeada pelo endividamento, políticas erradas e o impacto de atentados ocorridos na Páscoa, além dos efeitos do confinamento contra a pandemia de covid-19 e que atingiu sobretudo o sector do turismo.

Em Abril, o país entrou em incumprimento com as entidades credoras sendo que o novo Governo deve agora iniciar negociações com o Fundo Monetário Internacional para que seja implementado um plano de resgate.

Os protestos intensificaram-se nas últimas semanas obrigando o anterior chefe de Estado a abandonar o cargo e o país.

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