Draghi aceita continuar no poder com novo “pacto de confiança”

Primeiro-ministro italiano diz ter ficado comovido com os apelos de cidadãos comuns para se manter à frente do Governo. Moção de confiança será votada esta quarta-feira à tarde.

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Mario Draghi no Senado italiano, esta quarta-feira Reuters/GUGLIELMO MANGIAPANE

Mario Draghi mostrou-se esta quarta-feira disposto a continuar como primeiro-ministro de Itália e pediu aos partidos da coligação para reconstruir o “pacto de confiança” para salvar o Governo e evitar uma crise política.

“A única solução, se ainda quisermos ficar juntos, é reconstruir esse pacto a partir dos seus alicerces, com coragem, altruísmo e credibilidade”, disse Draghi num discurso no Senado, a câmara alta do Parlamento italiano.

O primeiro-ministro apresentou a sua demissão na quinta-feira passada, depois de um dos partidos da coligação que suporta o Governo, o Movimento 5 Estrelas (M5S) ter boicotado a participação num voto de confiança ao Executivo. A renúncia de Draghi foi recusada pelo Presidente de Itália, Sergio Mattarella, que remeteu o assunto para o Parlamento.

No seu discurso desta quarta-feira perante o Senado, que antecede a votação de uma moção de confiança, marcada para o final da tarde, Draghi disse que o apoio popular ao seu Governo, “sem precedentes e impossível de ignorar”, levaram-no a reconsiderar a sua demissão.

“É isso que os italianos nos pedem”, afirmou, garantindo que ficou comovido pelos apelos espontâneos feitos nos últimos dias por cidadãos comuns e nomeando, em particular, as petições de presidentes de câmara e de médicos italianos, a quem chamou os “heróis da pandemia”.

No seu longo discurso, Draghi estabeleceu como prioridade a reconstrução “a partir de cima” da maioria necessária para o Governo trabalhar com eficácia, mas defendeu também ser necessário criar fundos para recuperação da pandemia na União Europeia e reformas judiciais.

“A necessidade de estabilidade exige que todos nós decidamos se é possível recriar as condições para que o Governo possa realmente governar”, disse ainda, admitindo que está disposto a tentar.

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