Costa diz que Portugal “está mais preparado” para combater incêndios do que em 2017

Primeiro-ministro insiste na necessidade de prevenção e lembra que esta semana é proibido fazer lume.

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António Costa sublinhou a importância da responsabilidade individual na prevenção dos incêndios Nuno Ferreira Santos

O primeiro-ministro, António Costa, assegurou que Portugal está “mais preparado” para combater incêndios do que em 2017, quando ocorreram as tragédias de Pedrógão Grande e dos fogos de Outubro, mas insistiu na necessidade de prevenção.

António Costa falava aos jornalistas, em Coimbra, no arranque de um conjunto de visitas que tem programadas para esta segunda-feira a vários agentes da protecção civil.

O primeiro-ministro foi questionado sobre se Portugal tem mais meios de combate a incêndios do que em 2017. “Essa comparação não faz sentido, é óbvio que sim. Para além de excepcionais condições nos dias 17 de Junho e 15 de Outubro, o país está [hoje] mais preparado, mas isso em nada diminui a responsabilidade de cada um. O país pode ter os melhores meios do mundo mas há uma coisa que é certa: vamos ter temperaturas extremas, um ano de seca extrema, qualquer descuido de qualquer fagulha desencadeia um incêndio de grandes dimensões”, afirmou.

Falando no dia em que Portugal passou ao estado de contingência por causa do risco elevado de incêndios, António Costa sublinhou a ideia da responsabilidade individual, lembrando que esta semana é proibido “fazer lume ou utilizar máquinas”.

Acompanhado pelos ministros do Ambiente e da Administração Interna, o primeiro-ministro fez uma comparação entre as medidas de prevenção adoptadas por cada um na pandemia e as que também são necessárias agora para evitar incêndios.

“Permitam-me uma analogia: todos nós sabíamos que podíamos contar com os melhores do SNS. Mas havia uma coisa que sabíamos: usar máscara, manter distanciamento. Aqui é a mesma coisa, mas é ninguém fazer lume nem trabalhar com máquinas”, afirmou.

Já em declarações feitas aos jornalistas em Aigra Velha, aldeia do concelho de Góis onde uma equipa de sapadores florestais do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tem vindo a realizar trabalhos de gestão de combustível, António Costa defendeu que “ninguém pode estar descansado relativamente aos riscos de incêndio”.

Apesar de toda a “cadeia” de operações associada ao combate a incêndios estar “empenhada e mobilizada”, o primeiro-ministro admitiu que o contexto acaba por não ser favorável face à realidade da floresta no país e às alterações climáticas, que irão “aumentar todos os anos o risco”.

“É importante as pessoas perceberem que isto é um esforço de equipa”, notou, apontando para a necessidade de se avançar com a “reforma estrutural da floresta”, para que o país tenha “uma composição do espaço florestal que melhore o rendimento dos produtores e que permita que não haja um território só ocupado por eucaliptos e pinheiros – árvores de crescimento rápido –, que aumentam o risco de incêndio quando há uma excessiva concentração”.

“Temos que diversificar a composição daquilo que é a ocupação deste território para termos mais resistência. Esse é um trabalho fundamental”, vincou António Costa, que tem percorrido esta segunda-feira diversos concelhos da região Centro para verificar no terreno os meios e recursos para o combate aos incêndios, numa semana que se prevê de altas temperaturas.

António Costa tinha prevista uma visita oficial a Moçambique nesta segunda e terça-feira, cancelada no fim-de-semana devido ao agravamento do risco de incêndios ao longo da próxima semana em Portugal. Pelos mesmos motivos, também o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa cancelou a viagem prevista a Nova Iorque que estava agendada para entre esta segunda-feira e quinta-feira.

Notícia actualizada com novas declarações do primeiro-ministro

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