Cinemate: Morreu a produtora portuguesa Ana Costa

Entre os seus trabalhos mais conhecidos estão Comboio Nocturno para Lisboa, de Bille August, e Terra Nova, de Artur Ribeiro. Tinha quarenta anos de carreira, que também passou pela formação e pela cenografia, e morreu este sábado em Lisboa.

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Filmagens da série "1986", nos estúdios da Cinemate Rui Gaudencio

A produtora portuguesa Ana Costa, administradora da Cinemate, morreu este sábado em Lisboa, após 40 anos de carreira no audiovisual, confirmou ao PÚBLICO fonte da família, sem adiantar a causa do seu óbito aos 63 anos. À agência Lusa indica que sofria de “doença prolongada”. Entre os seus trabalhos mais conhecidos estão a produção de Comboio Nocturno para Lisboa (2012), do dinamarquês Bille August e com Jeremy Irons ou o recente Terra Nova (2020), de Artur Ribeiro.

Ana Costa começou a trabalhar em 1982 na Cinemate, uma estrutura incontornável do audiovisual português — fundada em 1965 pelo seu pai, Fernando Costa, iluminador e director de fotografia, a empresa descreve-se ainda hoje como “a única produtora no mercado português que produz e possui o seu próprio equipamento”. A actividade de produção, encetada em 1996, foi impulsionada precisamente por Ana Costa. A par disso, muitas das produções nacionais e internacionais que estão ou estiveram no terreno em Portugal tiveram ou têm equipamento e material da Cinemate. Muitos programas, da série de ficção 1986 até aos programas dos Gato Fedorento para a RTP, foram filmados nos estúdios da Cinemate.

Administradora da Cinemate desde 1993, ocupou a década de 1980 na produção para outras produtoras, nomeadamente na área do documentário, e foi fundadora, com Nicolau Breyner, da escola de actores NB Academia. Trabalhou com realizadores como Bille August (O Último Cabalista de Lisboa, Comboio Nocturno Para Lisboa), Joaquim Leitão (Terra Nova, Imperatriz, A Sentinela), Artur Ribeiro (Terra Nova), João Mário Grilo (A Vossa Terra, Duas Mulheres), Edgar Pêra (O Barão), Rodrigo Areias (Tebas), Leonel Vieira (A Arte de Roubar, Julgamento), Fernando Vendrell (O Gotejar da Luz), Francisco Manso (A Ilha dos Escravos) ou Margarida Cardoso (A Costa dos Murmúrios).

Na televisão produziu várias séries, como Compadres, A Casa é Minha, Memórias de Um Portugal Futuro ou Uma Família Açoriana, além da internacional Der Lissabon-Krimi, ou telefilmes como Sara, de Sílvia Quer, ou Quatro Mulheres ao Pé da Água, de Cláudia Clemente. À produção, Ana Costa juntava um trabalho profuso em cenografia, em cuja coordenação esteve presente em vários canais, do entretenimento a ficção, desde Chuva de Estrelas até ao Programa da Maria.

No sector, era ainda destacado o seu papel como defensora da importância estratégica do cinema e do audiovisual português.

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