O festival Ecos do Lima regressa para inundar Ponte da Barca

A edição de 2022 do festival vai além do recinto habitual e leva a arte às artérias da vila minhota de 7 a 10 de Julho. Depois de uma pausa de dois anos, o Ecos do Lima regressa com um cartaz diverso e com entrada gratuita.

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DR/Ecos do Lima

Depois de dois anos de interregno, o Ecos do Lima está de volta a Ponte da Barca, de 7 a 10 de Julho. No regresso, a organização decidiu fazer o festival extravasar do habitual recinto nas margens do rio Lima para inundar a vila do Alto Minho. Como que se fosse líquido.

“O Ecos do Lima, em edições passadas, sempre esteve muito relacionado com as margens do Lima. O recinto era no Choupal, fechado com bilheteira. Entretanto o projecto mudou substancialmente e decidimos propagar todo o festival pela vila”, explica Inês Carneiro. À frente do Ecos desde a sua génese, organiza o festival em conjunto com Nelson Barros, Kevin Pires e Diogo Carneiro. Inês conta que o conceito do festival sempre foi muito ligado aos barquenses e a Ponte da Barca: “Este projecto é muito ideológico, muito relacionado com o associativismo. A ideia é haver um diálogo muito forte com o território paisagístico, arquitectónico e com a comunidade barquense.”

Em constante processo de auto-intervenção, o Ecos do Lima encontra na comunidade da Ponte da Barca o princípio e o fim do projecto. Com o passar do tempo, contudo, o festival é cada vez mais feito para dentro e para fora. “Queremos sempre que venham artistas de fora de Ponte da Barca, mas um dos focos também é dar voz a artistas internos. E isso faz-se através do associativismo”, refere Inês Carneiro.

Octávio Carneiro
Octávio Carneiro
Octávio Carneiro
Octávio Carneiro
Octávio Carneiro
Octávio Carneiro
Octávio Carneiro
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Octávio Carneiro

A edição de 2022 do Ecos do Lima conta com uma programação que escorre para territórios pouco explorados em edições anteriores. No entanto, segundo a organização, tal não aconteceu devido a uma decisão em concreto, mas sim de um processo contínuo de pensamento sobre o festival. “O Ecos do Lima é um projecto que está constantemente a ser pensado”, afirma Inês Carneiro.

Logo no primeiro dia, o festival abre as portas à literatura e ao cinema, com o evento Encontros de Poesia e a sessão “Cinema Molhado”, no Jardim dos Poetas. O evento direccionado à sétima arte contempla a exibição de curtas-metragens de jovens realizadores e uma conversa sobre música e cinema que junta o realizador Martin Dale e a banda Sensible Soccers, autores de Manoel, álbum de composições para filmes de Manoel de Oliveira.

O cartaz conta também com uma instalação permanente de exibição de curtas-metragens. Esta esteve aberta para inscrições livres até ao dia 1 de Junho no Instagram oficial do festival. O objectivo foi o de “valorizar a produção filmográfica em contexto amador, como ferramenta de democratização e inclusão”, como se pode ler na mesma página.

A música, como não podia deixar de ser, não ficou de fora. Nos dias 8 e 9, o palco do Choupal vai receber projectos como os Sensible Soccers, Galgo, Rapaz Ego e Conferência Inferno. Mais longe das margens do Lima, a 9 de julho, Mr. Gallini vai actuar no Mercado Pombalino e Angélica Salvi tem concerto marcado na Capela da Lapa. O festival contará também com uma série de DJ Sets e várias exposições.

Para Inês Carneiro, a pausa imposta pela pandemia foi positiva para a evolução do festival: “Fez com que o projecto mudasse muito. Estes dois anos foram cruciais porque nos afastamos, olhamos de fora, pensamos muito, crescemos, vimos novos filmes, lemos novos livros, conhecemos novas pessoas. E isso levou-nos a uma ideia muito diferente do que queríamos para o Ecos do Lima. Do que era o festival e do que fazia sentido termos aqui em Ponte da Barca. E achamos que um festival como tínhamos [antes] se calhar não tinha tanto impacto cultural como [agora] está a ter”, explica.

A organização do festival está ao encargo da Associação Juvenil do Lima. Inês Carneiro explica que a associação apenas foi criada “para fins burocráticos” e que o festival vai além do evento que tem lugar no Verão: “Propaga-se por todo o ano, não só noutros eventos do foro cultural, mas numa determinada forma de estar entre toda a gente que interage com a associação.”

A edição de 2022 tem entrada livre, tal como aconteceu na primeira edição do festival, em 2015. Inês Carneiro chama-lhe “regresso à base”: “[O festival] é gratuito por uma questão ideológica. Queremos que toda a gente tenha acesso e que haja de facto um diálogo com Ponte da Barca”, afirma.

Texto editado por Mariana Durães

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