Há um novo tratamento da Hiperplasia Benigna da Próstata

Cerca de metade dos homens vêm a ter sintomas relacionados com o aumento benigno da próstata, que deve ser avaliado por um urologista e, se necessário, tratado.

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Paulo Pimenta/Arquivo

A partir dos 45 a 50 anos, todos os homens têm um aumento benigno do volume da próstata, a chamada Hiperplasia Benigna da Próstata, de longe a mais frequente patologia urológica nos homens, ainda que se valorize muito e bem o despiste do carcinoma da próstata.

Ao comprimir a uretra, o aumento do volume da próstata provoca queixas urinárias relacionadas com o esvaziamento ou a diminuição da força e calibre do jacto urinário, como por exemplo o atraso no início da micção, a micção prolongada ou o jacto interrompido. Pode também provocar urgência urinária e aumento do número de micções durante a noite.

Estas queixas devem chamar a atenção do doente, pois não são assuntos “normais da idade” e devem ser avaliadas pelo urologista. Podem evoluir de forma silenciosa para situações de retenção urinária parcial ou total com repercussões, nomeadamente nos rins.

A medicação normalmente utilizada facilita o esvaziamento da bexiga. Contudo, em muitos doentes há ejaculação retrógrada e, em alguns, também podem causar uma baixa da tensão arterial ou congestão nasal. Uma parte dos casos sob medicação acaba por deixar de responder, ao fim de algum tempo, e tem de ser operada para um reequilíbrio da situação e evitar a descompensação da bexiga e retenção urinária.

Dispomos hoje de uma gama muito grande de formas de tratamento cirúrgico, desde o mais complexo ao minimamente invasivo, com a preservação da função sexual.

Quando temos próstatas muito volumosas, é necessária uma cirurgia clássica, com uma pequena incisão ou por laparoscopia. Nas próstatas de médio volume pode ser feita a clássica Ressecção Endoscópica Transuretral da próstata ou a utilização de Laser com vaporização do tecido.

Todas estas técnicas implicam anestesia e internamento do doente e têm uma taxa superior a 70% de ocorrer ejaculação retrógrada, com o impacto psicológico negativo que isto implica, sobretudo, para os doentes mais novos. Por tudo isto, através de técnicas cirúrgicas menos invasivas, tem havido ao longo dos anos uma tentativa de resolver o problema urinário sem interferir com a ejaculação.

Há seis anos, nos EUA, surgiu uma nova técnica, o REZUM, que já estamos a aplicar há cerca de dois anos em casos seleccionados, sobretudo em doentes mais novos e com próstatas de médio volume. Esta técnica é feita com anestesia local e uma sedação ligeira, sendo que o doente tem alta três horas depois. A taxa de ejaculação retrógrada é inferior a 4% o que é uma grande mais-valia e, por outro lado, pode ainda ser aplicada também a doentes que não têm condições clínicas ou anestésicas para as cirurgias clássicas com anestesia.

O mecanismo utilizado é à base de vapor de água, com a temperatura e pressão a serem controladas por radiofrequência, realizando-se a eliminação e a reabsorção do tecido da hiperplasia pelo próprio organismo. Este processo é progressivo e demora em média três a quatro semanas, consoante o volume da próstata, até se obterem os resultados, embora em regra geral o doente comece logo a notar melhorias ao fim de uma semana. Em mais de 90% dos doentes tratados obtivemos um bom resultado com esta técnica.

Assim, deixo como mensagem final: valorize a procura de ajuda médica perante sinais de alerta. Os tratamentos têm sofrido uma evolução positiva, permitindo resolver com cada vez maior qualidade as queixas associadas ao aumento da próstata.

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