Varíola-dos-macacos: ainda não há data para chegada da vacina. Portugal atinge 373 infectados

Portugal soma mais oito casos confirmados esta terça-feira. Ainda não existe data definida para a recepção das vacinas compradas pela Comissão Europeia e que deveriam chegar no final deste mês de Junho.

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Portugal deveria receber até final de Junho 2700 doses de vacinas contra a varíola-dos-macacos Reuters/CHRISTINNE MUSCHI

Há precisamente duas semanas, a Comissão Europeia confirmou a encomenda de mais de 100 mil doses de vacinas de terceira geração para conter o surto de varíola-dos-macacos no espaço da União Europeia. Para Portugal foram destinadas 2700 doses, de acordo com a Direcção-Geral da Saúde (DGS), com a promessa da comissária europeia Stella Kyriakides de que chegariam no final do mês de Junho. Ora, a dois dias do final de Junho, ainda não existem datas definidas sobre a entrega das doses de vacinas.

A DGS confirma que ainda não existe data para a recepção das vacinas, adiantando ainda ao PÚBLICO que “os países membros terão uma reunião com a HERA [sigla em inglês de Autoridade Sanitária de Resposta e Emergência] esta semana”. A HERA é a entidade responsável pela articulação com a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic (fabricante da vacina Imvanex), sendo uma agência sob tutela da Comissão Europeia.

Esta terça-feira, Portugal soma mais oito casos confirmados de varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX) em todo o continente. Os casos já não se limitam à região de Lisboa e Vale do Tejo há cerca de um mês, no entanto, apenas esta semana houve registo de casos em todas as regiões de Portugal continental.

Os infectados são todos homens, a maioria com menos de 40 anos. A transmissão por contacto próximo e os potenciais locais de exposição das primeiras infecções (saunas para encontros sexuais ou viagens ao exterior) poderão motivar a maior incidência neste segmento da população, de acordo com a informação já divulgada pelas autoridades de saúde.

Já são quase 50 países em que o vírus não está habitualmente presente com casos confirmados, a maioria dos quais a notificar pela primeira vez a existência de VMPX. Com mais de 4000 infectados, a Europa soma mais de 85% dos diagnósticos positivos, com especial incidência no Reino Unido( 910 casos confirmados), Alemanha (765) e Espanha (736). Numa segunda linha, mas também com mais de 200 infectados, surgem Portugal (373), França (330), Países Baixos (257), Estados Unidos (243) e Canadá (235).

Em relação à vacinação, enquanto Portugal aguarda a definição da chegada das vacinas, não existe ainda nenhuma orientação sobre quem receberá e de que forma será administrada. Atendendo às orientações da Organização Mundial da Saúde, a administração da vacina seria recomendada a contactos próximos, profissionais de saúde e técnicos de diagnóstico, mas na última quarta-feira a directora-geral da saúde, Graça Freitas, apontou que “é uma vacinação dirigida apenas a contactos dos doentes.”

A norma técnica encontra-se em estudo há mais de um mês, por parte da Comissão Técnica de Vacinação, Infarmed e Programa Nacional de Vacinação. Relativamente a esta demora, dado que outros países ou já avançaram com a vacinação ou já apresentaram um plano para a mesma, a DGS diz que “os avanços da norma técnica em elaboração estão alinhados com os momentos de negociação com a HERA para, tal como em circunstâncias anteriores, serem definidos os procedimentos adequados.”

Quanto à administração pelos profissionais de saúde, a DGS garante que “tratando-se de uma vacina de terceira geração, a sua administração é similar à de outras vacinas, não sendo necessária formação específica para administração, que as anteriores vacinas para a varíola (smallpox) requeriam.”

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