Fiji diz que a crise climática, e não o conflito, é a maior ameaça à segurança da Ásia

Inia Seruiratu, ministro da Defesa das Fiji falou no final da cimeira Shangri-La, a principal reunião de segurança da Ásia que decorre em Singapura. “No nosso continente do Pacífico azul, metralhadoras, aviões de combate, navios cinzentos e batalhões verdes não são a nossa principal preocupação de segurança”, disse.

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Um pescador das Fiji atravessa o porto em frente à capital das Fiji, Suva REUTERS/Tim Wimborne
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Ministro da Defesa de Fiji, Inia Batikoto Seruiratu, no seu discurso durante a cimeira que termina este domingo REUTERS/Caroline Chia

O ministro da defesa de Fiji afirmou este domingo que as alterações climáticas representavam a maior ameaça à segurança na região Ásia-Pacífico, uma mudança de tom numa cimeira da defesa que foi dominada pela guerra na Ucrânia e pelas disputas entre a China e os Estados Unidos. As ilhas baixas do Pacífico, que incluem Fiji, Tonga e Samoa, são alguns dos países mais vulneráveis do mundo aos eventos climáticos extremos causados pelas alterações climáticas.

As Fiji têm sido atingidas por uma série de ciclones tropicais nos últimos anos, causando inundações devastadoras que deslocaram milhares de pessoas das suas casas e mancharam a economia da ilha. “No nosso continente do Pacífico azul, metralhadoras, aviões de combate, navios cinzentos e batalhões verdes [o Batalhão Verde foi um grupo jihadista activo durante a Guerra Civil Síria] não são a nossa principal preocupação de segurança”, disse Inia Seruiratu, ministro da Defesa das Fiji, na cimeira Shangri-La, a principal reunião de segurança da Ásia que decorre em Singapura.

“A maior ameaça à nossa própria existência é a mudança climática. Ameaça as nossas próprias esperanças e sonhos de prosperidade”, sublinhou. A reunião, que termina este domingo, tem sido dominada pelo debate sobre a invasão russa da Ucrânia e as crescentes tensões entre os Estados Unidos e a China, desde a soberania de Taiwan até às bases navais no Pacífico.

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Ministro da Defesa de Fiji, Inia Batikoto Seruiratu, no seu discurso durante a cimeira que termina este domingo REUTERS/Caroline Chia

As ilhas do Pacífico tornaram-se um foco de tensões regionais este ano depois de a China ter assinado um pacto de segurança com as Ilhas Salomão em Abril, alarmando os Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, que temem uma presença militar intensificada por Pequim no Pacífico.

Pequim disse que não está a estabelecer uma base militar nas Ilhas Salomão e que o seu objectivo é reforçar a cooperação em matéria de segurança com as nações das ilhas do Pacífico. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, conduziu uma digressão pelas ilhas do Pacífico no mês passado na esperança de assegurar um pacto regional de comércio e segurança abrangente, mas as nações insulares não conseguiram chegar a um consenso sobre um acordo.

Seruiratu minimizou as preocupações sobre uma batalha pela influência nas ilhas do Pacífico, ao mesmo tempo que salientava a vontade do seu país de trabalhar com uma série de países. “Nas Fiji, não estamos ameaçados pela concorrência geopolítica”, disse Seruiratu no seu discurso. “Temos de adaptar a forma como trabalhamos e com quem trabalhamos para alcançar a estabilidade”.

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