Associação de comerciantes da Baixa de Lisboa preocupados com os efeitos da inflação

O vice-presidente da ADBP considerou que os apoios estatais foram “insuficientes” e disse temer que a situação de “fragilidade” ainda vivida pelas empresas se venha a agravar com o aumento da inflação.

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Restauração e moda foram os sectores mais afectados pela pandemia, segundo Vasco Mello LUSA/MÁRIO CRUZ

A Associação que representa os comerciantes da Baixa de Lisboa manifestou-se, nesta segunda-feira, preocupada com os efeitos da inflação e alertou para as dificuldades sentidas pelos sectores da restauração, calçado e vestuário, apesar da retoma do turismo.

A Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), que abrange também a zona do Chiado, foi ouvida pela Comissão de Economia e Inovação e Turismo da Assembleia Municipal de Lisboa no âmbito da elaboração de um futuro relatório sobre a recuperação económica da cidade no pós-pandemia.

“A vinda do turismo tem vindo a reanimar e as coisas estão a recuperar, mas o impacto [pandemia] foi muito grande”, começou por referir aos deputados o vice-presidente da ADBP, Vasco Mello.

Segundo explicou Vasco Mello, os sectores mais afectados pela pandemia da covid-19 foi o da restauração, “verificando-se o encerramento de muitos estabelecimentos”, e principalmente os da “moda” (calçado e vestuário), que sentiram “muita dificuldade para escoar os seus produtos”.

“No caso do sector da moda estamos a falar de um sector cujas vendas funcionam numa lógica de sazonalidade. Em 2020 tiveram dificuldade para escoar o seu stock de primavera-verão e de outono-inverno. Foi um impacto de milhares de euros”, apontou.

O vice-presidente da ADBP considerou que os apoios estatais foram “insuficientes” e disse temer que a situação de “fragilidade” ainda vivida pelas empresas se venha a agravar com o aumento da inflação, originada pela guerra na Ucrânia.

“Vamos ver como é que as coisas irão correr, mas é uma questão que nos preocupa muito”, apontou.

Durante esta audição, e na sequência de questões levantadas pelos deputados municipais, Vasco Mello abordou também questões ligadas à segurança e à videovigilância e à proposta de encerramento da Avenida da Liberdade ao trânsito aos domingos e feriados.

Relativamente à segurança, Vasco Mello defendeu a instalação de câmaras de videovigilância para diminuir o sentimento de insegurança e prevenir eventuais ataques terroristas na cidade de Lisboa.

“Não é uma embirração minha, mas não consigo perceber porque é que nós não temos videovigilância. Temos zonas de grandes aglomerações e o perigo de um ato de terrorismo é real, como já sucedeu noutras cidades europeias. Seria importante para prevenir ou para ajudar na investigação”, argumentou.

No que diz respeito à proposta para cortar o trânsito na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados, o vice-presidente da ADBP manifestou-se descrente nessa medida, evocando um estudo realizado na cidade de Estocolmo, capital da Suécia.

“Segundo um estudo, 40% dos consumidores do centro histórico de Estocolmo deslocam-se de automóvel. Cinquenta e seis por cento dos utentes dos centros comerciais utilizam carro e 68% das pessoas que vive nos subúrbios também se desloca para a cidade de carro. Estamos a falar de uma cidade que possui uma melhor rede de transporte público que Lisboa”, sublinhou.

Nesse sentido, Vasco Mello ressalvou que “a zona histórica de Lisboa, como a Baixa, não pode ser sacrificada para servir de exemplo, em matéria de política ambiental, para o resto da cidade”, considerando “mais preocupante” em matéria de poluição aquilo que se passa no terminal de cruzeiros.

“Um navio de cruzeiro enquanto está atracado em Lisboa tem de manter o motor em funcionamento porque não existe uma ligação eléctrica. Como é possível não ter sido criada uma infraestrutura que existe em outros portos e marinas do mundo?”, questionou.

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