Democracia plena!

Faz falta um PSD que lidere processos reformadores, faz falta um PSD forte e transparente, sobretudo no combate por um regime democrático que se quer estável e maduro.

Responsabilização e transparência estão na génese do partido fundado em 6 de Maio de 1974 com o nome de Partido Popular Democrático (PPD) e hoje conhecido como Partido Social Democrata (PSD). São 48 anos com altos e baixos, mas sempre como um pilar da democracia e sempre a contribuir para o desenvolvimento do País.

Nas últimas eleições legislativas, um milhão e 500 mil pessoas depositaram a confiança nesta organização. Ao longo de toda a sua existência já obteve dezenas de milhões de votos, nas variadas eleições a que se propôs. Isto é um legado que acarreta grande responsabilidade para as gerações actuais e eventualmente para as gerações futuras, que se propõem a liderar o partido.

A 28 de Maio foi eleito um novo líder do PSD. Os dois candidatos em causa tinham e continuam a ter peso no partido e competências claras. Por um lado, Luís Montenegro destaca-se por uma comunicação fluida e uma imagem afável, por outro, Jorge Moreira da Silva detém experiência governativa e conhecimentos técnicos assinaláveis.

Mais uma vez, os exércitos de cada lado cerraram fileiras para uma eleição que se previa extremamente disputada, mas que acabou por não o ser. Agora, o partido tem um novo líder mas o caminho afigura-se longo e recheado de obstáculos.

A abertura à sociedade é uma característica central de países democraticamente evoluídos. Uma característica que tarda a ser abraçada pelos partidos políticos em Portugal. Nesse aspecto, esta eleição foi também uma oportunidade perdida.

Os partidos continuam demasiado fechados sobre si mesmos. Esse é um dos elementos motivadores do alheamento da população em geral, que no limite se traduz em elevados níveis de abstencionismo.

Lamentavelmente, os debates públicos entre candidatos de um mesmo partido continuam a marcar passo nas campanhas em Portugal, bem como o voto à distância, ou até mesmo a abertura da base eleitoral.

Cidadãos informados tomam decisões informadas e, para isso, o escrutínio é fundamental.

Estamos no século XXI, vamos celebrar em breve 50 anos de Democracia. No entanto, existem em Portugal partidos com assento parlamentar que elegem o seu representante numa espécie de conclave.

É deste tipo de condutas que todos se devem afastar!

Neste momento, o papel do PSD é o de líder da oposição e, por consequência, de principal elemento de fiscalização de um Governo que mesmo antes de alcançar maioria absoluta teve episódios de conduta muito questionáveis, dos quais foram exemplo as acusações de nepotismo, a dança das cadeiras protagonizada por Centeno e os diversos casos envolvendo o MAI.

Num Parlamento em que os partidos mais à esquerda estão presos a ideologias adversas à liberdade individual e os partidos mais à direita confundem a Assembleia com um teatro, faz falta um PSD que lidere processos reformadores, faz falta um PSD forte e transparente, sobretudo no combate por um regime democrático que se quer estável e maduro. A democracia, como nos relembraram os eventos recentes, é frágil e vinga somente em sociedades informadas e envolvidas na actividade política. Cabe-nos a todos, incluindo aos partidos, a sua defesa.

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