Caso EDP: Ministério Público faz buscas em apartamentos de Manuel Pinho

Os sete apartamentos visados nas buscas pertencerão a Manuel Pinho e à mulher, Alexandra Pinho, bem como a familiares próximos. O ex-ministro e a mulher são ambos arguidos no caso EDP.

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Manuel Pinho é um dos arguidos no caso EDP, cuja investigação já leva uma década daniel rocha

O caso de corrupção envolvendo a EDP e o ex-ministro Manuel Pinho motivou a realização de buscas a sete apartamentos em Lisboa nesta quarta-feira.

“No âmbito do designado Processo EDP/CMEC, dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), realizaram-se, no dia hoje, sete buscas domiciliárias em apartamentos localizados em Lisboa”, informou o DCIAP, sem adiantar detalhes sobre os proprietários dos imóveis.

Segundo o site Observador, as buscas realizaram-se em apartamentos da mulher de Manuel Pinho, Alexandra Pinho, que também é arguida no caso EDP, e tiveram como objectivo encontrar documentação e investigar a aquisição deste património imobiliário.

O PÚBLICO confirmou entretanto que alguns dos imóveis também pertencerão a familiares próximos do casal.

As diligências de recolha de prova “foram operacionalizadas pela equipa multidisciplinar de investigação privativa do DCIAP, a SIATID (Secção de Investigação, Análise e Tratamento de Informação Digital), constituída por elementos de diversos Órgãos de Polícia Criminal”, lê-se na nota do DCIAP.

O ex-ministro da Economia (exerceu funções entre 2005 e 2009), que terá alegadamente sido corrompido pelos ex-gestores da EDP António Mexia e João Manso Neto para tomar decisões que favorecessem a empresa, está em prisão domiciliária. A mulher foi sujeita a uma caução de um milhão de euros, apresentações quinzenais no posto policial da área de residência e proibida de se ausentar para o estrangeiro.

Manuel e Alexandra Pinho são suspeitos dos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais. Os procuradores acreditam que o ex-presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado, também corrompeu o ex-ministro da Economia (que foi um antigo quadro do grupo GES) para favorecer a EDP, em que o BES era accionista de referência.

Sobre as buscas desta quarta-feira, o Observador noticia que foi numa das deslocações do ex-governante entre duas propriedades familiares – uma no Algarve e outra em Braga – que nasceram as suspeitas sobre a aquisição dos imóveis.

Pinho, que estava a ser escoltado pela GNR nesta deslocação, pediu para parar em Lisboa, nos apartamentos que foram alvo de buscas. A deslocação do ministro alertou os investigadores para a hipótese de ali conservar algo de interesse para o processo, apurou o PÚBLICO.

No centro da investigação ao antigo ministro está a Espírito Santo Enterprises, a sociedade que o Ministério Público considera ser o “saco azul” utilizado pelo Grupo Espírito Santo (GES). Trata-se de uma sociedade offshore, com sede no Panamá, a partir da qual terão sido transferidos mais de 260 mil euros para Manuel Pinho quando este era ministro da Economia.

Na tese do Ministério Público, a principal contrapartida atribuída a Pinho pelos líderes da EDP enquanto esteve no poder foi uma doação de 1,2 milhões de euros à Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que lhe permitiu ser convidado e pago como professor visitante na referida escola, entre 2010 e 2012.

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