Biden admite encontro com Kim se o líder norte-coreano for “sério e sincero”

Presidente dos EUA promete expansão dos exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e anuncia novo pacote de ajuda à Ucrânia.

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Joe Biden com o seu homólogo sul-coreano, Yoon Suk-yeol, durante um banquete em Seul Reuters/JONATHAN ERNST

O Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou este sábado que só concordará com uma eventual cimeira com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, se este for “sincero e sério” na reabertura do diálogo sobre o programa nuclear norte-coreano.

As declarações do Presidente norte-americano surgiram em resposta a uma pergunta sobre se estaria disposto a realizar uma cimeira com Kim Jong-un e sob que condições, durante uma conferência de imprensa conjunta em Seul com o seu homólogo sul-coreano, Yoon Suk-yeol, no âmbito da visita à Coreia do Sul.

Historicamente, os presidentes em exercício dos EUA não costumam encontrar-se com os líderes norte-coreanos, mas o antecessor de Biden, Donald Trump, deu um passo sem precedentes ao reunir-se três vezes com Kim Jong-un. O então Presidente norte-americano chegou mesmo a pisar território norte-coreano durante um encontro na Zona Desmilitarizada, na fronteira entre as Coreias, mas as conversações entre Trump e Kim acabaram por fracassar.

A Administração Biden afirmou repetidamente que está aberta a negociações com a Coreia do Norte sem pré-condições, mas até agora Pyongyang rejeitou a oferta.

As declarações de Biden em Seul acontecem numa altura em que os EUA temem que a Coreia do Norte possa levar a cabo um teste com um míssil balístico intercontinental durante a visita asiática do Presidente norte-americano. O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, admitiu no início da semana que qualquer tipo de teste era uma “possibilidade genuína” durante a viagem de Biden.

A segurança da Coreia do Sul em relação ao seu vizinho do Norte esteve, naturalmente, no centro das conversas entre Biden e o seu homólogo sul-coreano. Os dois líderes acordaram a expansão dos exercícios militares conjuntos e o aumento no fornecimento de armas norte-americanas, se necessário, para deter a ameaça da Coreia do Norte.

Na conferência de imprensa conjunta, Joe Biden e Yoon Suk-yeol concordaram que a “a aliança de décadas” entre os dois países deve ser reforçada não só para enfrentar a ameaça norte-coreana mas também para manter a região do Indo-Pacífico “livre e aberta”.

Eleito em Março para a presidência da Coreia do Sul com a promessa de endurecer a posição do país em relação ao vizinho do Norte, Yoon não obteve de Biden o compromisso para a colocação de armas nucleares no território, de onde foram retiradas em 1991. Mas, na declaração conjunta, o Presidente norte-americano reafirmou a intenção dos EUA de defender a Coreia do Sul.

Os Estados Unidos prometeram implantar “activos estratégicos” - que normalmente incluem bombardeiros de longo alcance, submarinos armados com mísseis ou porta-aviões - se necessário para deter a Coreia do Norte.

Biden revelou ainda que Washington ofereceu vacinas contra a covid-19 à China e à Coreia do Norte, que nesta altura combate o que é o seu primeiro surto oficialmente reconhecido. “Não tivemos resposta”, afirmou o Presidente dos EUA.

A Coreia do Norte registou este sábado mais de 200 mil novas infecções, pelo quinto dia consecutivo, mas o país dispõe de poucas vacinas ou tratamentos modernos para lidar com a pandemia.

Apoio à Ucrânia

Em Seul, Joe Biden assinou também este sábado o decreto presidencial para apoiar a Ucrânia com mais de 40 mil milhões de dólares (37,8 mil milhões de euros) em assistência para fazer face à invasão da Rússia.

O financiamento destina-se a apoiar a Ucrânia até Setembro e supera a medida de emergência anterior, que disponibilizou 13,6 mil milhões de dólares (12,9 mil milhões de euros). A nova legislação fornecerá 20 mil milhões de dólares (18.9 mil milhões de euros) em assistência militar, garantindo um fluxo constante de armas avançadas para impedir os avanços da Rússia.

Há também oito mil milhões de dólares (7,6 mil milhões de euros) para apoio económico geral, cinco mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros) para fazer face à escassez global de alimentos, que pode resultar do colapso da agricultura ucraniana, e mais de mil milhões de dólares (945 milhões de euros) para ajudar os refugiados.

Biden assinou a medida em circunstâncias incomuns. Por estar no meio de uma viagem à Ásia, um funcionário dos EUA levou uma cópia do decreto num voo comercial para Seul para o Presidente assinar, referiu um funcionário da Casa Branca, citado pela AP.

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