Covid-19: Sindicato dos médicos exige reforço da vacina para profissionais de saúde

Secretário-Geral do Sindicato Independente dos Médicos salientou ter conhecimento de que “são muitas dezenas de médicos, enfermeiros e administrativos” que estão actualmente infectados pelo SARS-CoV-2, na sequência do aumento da incidência de casos que se verifica nos últimos dias no país.

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Hospital de São João, no Porto, conta com cerca de 200 profissionais infectados Daniel Rocha

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) defendeu esta quarta-feira a vacinação dos profissionais de saúde com a segunda dose de reforço, alertando que “muitas dezenas” já estão infectados pelo coronavírus que provoca a covid-19. “É fundamental que se vacine as pessoas dos grupos de risco e os profissionais de saúde, que já estão a passar mais de seis meses desde a última inoculação”, adiantou à agência Lusa o secretário-geral do SIM.

Jorge Roque da Cunha salientou ter conhecimento de que “são muitas dezenas de médicos, enfermeiros e administrativos” que estão actualmente infectados pelo SARS-CoV-2, na sequência do aumento da incidência de casos que se verifica nos últimos dias no país. “Muitos deles são médicos, só na minha unidade são três infectados”, alertou o dirigente sindical, ao considerar “muito grave” que o Ministério da Saúde não tenha “sinalizado a importância da vacinação dos profissionais de saúde” na nova fase de administração da segunda dose de reforço que se iniciou na segunda-feira.

Segundo Roque da Cunha, nos últimos dois meses o ministério de Marta Temido “desvalorizou” a pandemia, “não ouvindo a sua comissão técnica que, aliás, está desaparecida, e deixando de comparticipar os testes nas farmácias”. “Veio infelizmente a ter a consequência que mais temíamos, que é um aumento da incidência” de infecções, sublinhou o secretário-geral do SIM, que referiu “não se conformar com a circunstância de dizer que morrem poucas pessoas por serem idosas”.

Portugal registou na segunda-feira 33.939 novas infecções, o valor mais alto desde 8 de Fevereiro, dia em que foram confirmados 34.096 casos, e 29 mortos associados à covid-19.

O Hospital de São João, no Porto, vai decidir até sábado se interrompe a actividade programada em 20% para fazer face ao aumento de casos covid-19, disse também hoje o director da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva. “Estamos a chegar às 8h00 de cada dia sem nenhuma vaga no hospital”, disse Nelson Pereira, que, em declarações aos jornalistas junto ao serviço de urgência deste hospital, explicou estar em causa a activação do nível 3 do plano de contingência, algo a decidir até ao fim de semana.

O director da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva contou que cerca de 200 profissionais deste hospital estão ausentes por estarem infectados. Questionado sobre como é que o hospital está a gerir a ausência dessas centenas de profissionais, Nelson Pereira deu o seu exemplo pessoal, contando que, em 10 dias, está a cumprir a quinta noite no serviço de urgência. Também os atendimentos nas urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, atingiram na segunda-feira o valor mais alto desde o início da pandemia, com 800 doentes, mas quase dois terços eram não covid, disse à Lusa fonte hospitalar.

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