Putin estará a tomar decisões militares a nível de coronel ou brigadeiro

Fontes militares ocidentais citadas na imprensa britânica dizem que a micro-gestão poderá estar a contribuir para a falta de avanço russo no Donbass.

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O Presidente russo, Vladimir Putin, estará muito mais envolvido na guerra do que o habitual para um chefe de Estado Reuters/SPUTNIK

O Presidente russo, Vladimir Putin, estará tão envolvido na guerra na Ucrânia que está a tomar decisões militares que normalmente seriam responsabilidade de coronéis ou brigadeiros, por norma encarregados de grupos de entre 700 a 900 militares, disseram fontes ocidentais citadas na imprensa britânica.

Segundo a BBC, citando uma fonte militar sob anonimato, tanto Putin como o chefe das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, estão envolvidos neste nível de decisão militar na região do Donbass, orientando as movimentações das tropas no terreno. A região é o foco actual da ofensiva russa, mas o exército russo não está a conseguir conquistar cidades.

O diário britânico The Times cita uma das fontes dizendo que Putin a tomar este tipo de decisões pode ser comparado, por exemplo, ao fundador da Amazon entregar as encomendas da empresa. “Jeff Bezos não entrega as encomendas, ele toma decisões estratégicas”, notou a fonte.

Este nível de envolvimento (ou intromissão, diz mesmo o Times) será contraproducente, segundo as fontes ouvidas pelo jornal, e poderá estar a contribuir para o que está a ser visto como um falhanço militar da Rússia na sua ofensiva nesta região.

Ben Barry, que foi brigadeiro no Exército britânico e é analista do International Institute of Strategic Studies, comentou pelo seu lado ao diário The Guardian: “Um chefe de Governo devia ter outras coisas para fazer mais úteis do que tomar decisões militares. Devia estar a montar a estratégia política em vez de ficar enredado na actividade do dia-a-dia”.

A Rússia opera com uma cadeia de comando com mais ordens vindas de cima do que os exércitos britânico ou americano, com as instruções a serem normalmente enviadas para generais no terreno. Na invasão da Ucrânia, uma marca do funcionamento do Exército russo tem sido o ter generais mais perto da linha da frente, para se assegurarem de que as ordens são cumpridas por soldados desmoralizados. Por isso, pelo menos 12 já terão morrido, segundo as forças armadas ucranianas.

Em dados divulgados no final de Março relativos ao primeiro mês de guerra na Ucrânia, a Rússia admitiu que 1351 soldados morreram na Ucrânia e outros 3825 ficaram feridos – estimativas ocidentais apontam para números dez vezes mais altos, ou mesmo 20 vezes, continua o Guardian. Depois do final de Março, não foram dados mais números pelas autoridades russas, que falaram apenas em baixas “significativas”.

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