O aborto deve ser legal. Mas não deve deixar de ser um mal

Abortar é um acto médico. Ocupa profissionais de saúde e consome recursos hospitalares. É um acto cuja diminuição é desejável, e que deve ser critério de avaliação de quem trabalha no planeamento familiar.

Imagine, caro leitor, que trabalha num gabinete de planeamento familiar. O seu trabalho consiste em conversar com jovens em idade fértil, sobretudo mulheres, e sensibilizá-las para uma gestão responsável da sua vida sexual. Escrevi “sobretudo mulheres” não porque as práticas sexuais dos homens não devam ser responsáveis, mas porque a gravidez indesejada tem um impacto desproporcional nas mulheres – e evitar gravidezes indesejadas é a prioridade número um do trabalho num gabinete de planeamento familiar. Pergunta: será boa prática que você, caro leitor trabalhador, seja anualmente premiado – repare: não é penalizado, é premiado – em função do número de utentes à sua responsabilidade que não recorreu à interrupção da gravidez num determinado ano?

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 102 comentários