Ministro da Economia garante que não teria preconceitos com projectos de exploração de gás

António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar e ex-presidente da Partex, diz que se a exploração de gás no Algarve tivesse avançado, hoje o país seria produtor e teria um “hub de exportação”.

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O ministro Costa Silva foi presidente da petrolífera Partex, que pertenceu à Fundação Gulbenkian LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, disse hoje que não teria quaisquer preconceitos em analisar projectos de exploração de gás que lhe sejam apresentados, pois o que importa é “aquilo que é benéfico para o país”.

Ouvido esta quinta-feira no Parlamento no âmbito da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2022, Costa Silva foi desafiado pelo deputado social-democrata Joaquim Miranda Sarmento a dizer se mantinha, como ministro, as declarações que fez em 2018 numa entrevista ao PÚBLICO quando questionado sobre o falhanço do projecto de exploração de gás na costa algarvia, que a Partex, que à data presidia, queria desenvolver com a Repsol.

“Nós, pura e simplesmente, decidimos não investir mais em Portugal, não vale a pena”, afirmou então Costa Silva, acusando o Governo de António Costa de ter “uma política energética muito errática” e de “governar em função do que dizem os autarcas e a opinião pública, sem haver uma visão clara da importância que o projecto do Algarve poderia ter”.

Confrontado com estas declarações por Miranda Sarmento e questionado sobre o que diria hoje a uma empresa que quisesse desenvolver algo semelhante, Costa Silva sublinhou que não tem por hábito renegar o que diz e lembrou que as campanhas sísmicas realizadas com a Repsol “foram claras” e mostraram reservas de gás natural “muito superiores às que a Repsol explorou em Espanha”.

“Posso estar errado em muita coisa, mas estava certo nisso”, só que, “por um conjunto de regulamentações e reacções, não foi possível” desenvolver o projecto, acrescentou.

Se a exploração tivesse avançado, hoje o país “estaria a produzir gás, teria um hub de exportação de gás e isso seria absolutamente transformador”, defendeu.

Dizendo que aquilo que o move “é olhar para o futuro, apostar no futuro e tentar desenvolver [o país e a economia]”, Costa Silva assegurou que não fecharia a porta a quem o contactasse com uma iniciativa dessa natureza.

“Se as empresas vierem ter comigo e apresentarem projectos, eu não tenho parti pris [ideias pré-concebidas]; eu sou uma pessoa que não é que pense fora da caixa, penso mesmo sem caixa, e, portanto, o que tenho que ver é aquilo que é benéfico para o país”, disse o ministro ao deputado da Comissão de Orçamento e Finanças.

Além do projecto do gás no offshore algarvio, a Partex também desistiu da exploração de petróleo ao largo de Peniche, em parceria com a Repsol e a Galp.

Entre um projecto e outro, a petrolífera que a Fundação Gulbenkian entretanto vendeu à empresa estatal tailandesa PTT Exploration (que a decidiu liquidar) diz ter perdido 25 milhões de dólares.

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