“Bongbong” Marcos pede para ser julgado pelas suas acções, não pelo passado da sua família

Filho do antigo ditador Ferdinand Marcos deverá ter conquistado a maioria absoluta nas presidenciais filipinas. Resultados oficiais esperados no final do mês.

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Apoiantes de Ferdinando Marcos Jr. festejam a vitória nas presidenciais filipinas WILLY KURNIAWAN/Reuters

O filho do falecido ditador filipino Ferdinando Marcos prometeu esta terça-feira trabalhar para todas as pessoas após a sua impressionante vitória eleitoral, e disse ao mundo para julgá-lo pela sua presidência, não pelo passado da sua família.

Ferdinando Marcos Jr., mais conhecido como “Bongbong”, tornou-se no primeiro candidato na história recente do país asiático a conquistar a maioria absoluta nas eleições presidenciais, abrindo caminho para um retorno antes inimaginável ao poder da dinastia política dos Marcos.

“Julguem-me não pelos meus antepassados, mas pelas minhas acções”, disse Marcos Jr., segundo um comunicado do seu porta-voz, Vic Rodriguez.

Marcos Jr. fugiu para o exílio no Havai, com sua família, durante a revolta do “Poder Popular”, em 1986 que pôs fim ao governo autocrático de 20 anos do seu pai, e serviu no Congresso e no Senado desde o seu regresso às Filipinas em 1991.

A vitória de Marcos Jr. nas eleições de segunda-feira é agora mais do que certa, numa altura em que já foram contados, ainda que não oficialmente, 98% dos votos.​ Com 31 milhões de votos, “Bongbong” tem o dobro da sua rival mais próxima, a actual vice-presidente Leni Robredo. Os resultados oficiais são esperados no final do mês.

“Esta é uma vitória para todos os filipinos e para a democracia”, afirmou o seu porta-voz. “Para aqueles que votaram em ‘Bongbong’, e para aqueles que não votaram, é sua a promessa de ser um Presidente para todos os filipinos, de procurar o consenso e trabalhar para unir a nação”, acrescentou Vic Rodriguez.

Embora Marcos Jr., de 64 anos, tenha baseado a sua campanha eleitoral na promessa de unidade nacional, os analistas dizem que a influência política e a riqueza da sua família podem ser um obstáculo à unidade de todas as forças políticas em redor do novo Presidente.

Muitos dos seus opositores já mostraram o descontentamento com o que consideram ser uma tentativa descarada da família Marcos de usar as redes sociais para reinventar a narrativa histórica de quando esteve no poder.

Milhares de opositores de Ferdinando Marcos foram vítimas de repressão durante 1972 e 1981, década em que vigorou uma brutal lei marcial, e o nome da família tornou-se sinónimo de corrupção, compadrio e extravagância, com o desvio de milhares de milhões de dólares dos cofres do estado, sempre negado pelo clã Marcos.

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