Bloco assume “luta anticapitalista” e “pela alternativa” como rumo estratégico

A proposta global da comissão política do BE saiu vencedora da conferência do partido com 305 votos, face aos cerca de 50 que as propostas alternativas conseguiram arrecadar em conjunto.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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A IV Conferência Nacional do BE decorreu em Lisboa este sábado LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Os militantes do Bloco de Esquerda (BE) elegeram este sábado, na IV Conferência Nacional do partido, a proposta global da comissão política para afinar o rumo estratégico dos bloquistas, com 305 votos. Na agenda da recomendação, que quer afirmar o BE como “alternativa na oposição à maioria absoluta do PS” e pela qual os bloquistas se vão agora guiar, estão temas como a solidariedade com a Ucrânia, o combate à liberalização da Europa, medidas de resposta ao aumento do custo de vida e a maior mobilização do partido.

Aqui estamos, pois, na oposição. Não poderia ser de outra forma. Mas numa oposição que não é meramente declarativa. É de construção. Somos a alternativa vermelha e verde, a do trabalho e do clima, a que se levanta contra todas as opressões. E se nos perguntam qual o nosso modelo, respondemos que o construímos na luta. Uma luta que resgata, desde logo, a democracia contra todas as ameaças. Incluindo a da extrema-direita”, afirmou Catarina Martins no encerramento da conferência.

Num discurso centrado na crise climática, na guerra na Ucrânia, na maioria absoluta do PS e no feminismo, em que definiu como futuro do BE a “luta anti-capitalista” e “pela alternativa” ao governo socialista e à extrema-direita, a líder do BE não poupou nas críticas ao executivo de António Costa.

“Em Portugal, é o PS que quer convencer o país de que, face a uma inflação gerada do lado da oferta e não da procura, o perigo seria a actualização de salários e pensões. E vai recusando mecanismos de controlo de preços e de combate à especulação”, atirou Catarina Martins.

A líder do BE acusou ainda o PS de ter acabado com “o breve parêntesis aberto com a ‘geringonça'” e os “objectivos da política social que se tinha colocado nesses anos”, de adoptar “o argumentário da direita” nos debates do programa do Governo e do Orçamento de Estado e de alimentar “o ressentimento social que a extrema-direita explora”.

Na conferência deste sábado, sob o mote “Bloco de Esquerda: Justo, Solidário, Insubmisso”, que se realizou na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa à porta fechada com mais de 560 militantes e cerca de uma centena de intervenções, estiveram ainda em discussão outras duas propostas alternativas.

A recomendação do movimento Convergência, crítico da liderança do BE, de que fazem parte os ex-deputados Pedro Soares e Mário Tomé, obteve 43 votos. Uma terceira proposta, submetida por alguns dos militantes que na passada Convenção Nacional do partido, em 2021, subscreveram a Moção Q, e que só esta manhã entregaram as 30 assinaturas necessárias segundo o regimento da conferência, ficou pelos 9 votos.

Em representação da proposta da comissão política, "Defender o povo em tempo de guerra e de inflação”, coube a Mariana Mortágua responder às críticas que chegaram dos oponentes sobre “o mau ambiente interno que se vive no BE”, “o sectarismo” e a “incapacidade da direcção de ouvir críticas”, tendo a bloquista afirmado que “não existem divergências” dentro do partido.

No final do encontro falou também Iulia Iurchenko, dirigente do partido “Movimento Social Ucraniano”, num apelo via digital ao cancelamento da dívida externa da Ucrânia.

A conferência foi convocada em Fevereiro pela mesa nacional do partido depois da quebra eleitoral dos bloquistas nas últimas eleições legislativas — que levou o BE de terceira a quinta força política —, para discutir a orientação política e organizativa do BE, no contexto do actual ciclo político.

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