Agressão em noite de Óscares: “Está, de facto, tudo maluco”, diz Nuno Markl

Pelas redes sociais não faltam mensagens de apoio a Will Smith, ao mesmo tempo que alguns humoristas portugueses se mostram chocados com o incidente.

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O momento da noite de Óscares: Chris Rock leva um estalo depois de piada sobre a mulher Will Smith

“O mundo está irrespirável, entre pandemia, guerra e esse escapismo cintilante de outrora — os Óscares — agora baço, tolhido por irrelevância e onde o mais falado foi um soco”, escreve o radialista e humorista Nuno Markl no Instagram, referindo-se ao incidente entre Will Smith e Chris Rock. Numa publicação anterior, Markl tinha desabafado: “Está, de facto, tudo maluco”.

Chris Rock fez uma referência ao cabelo rapado de Jada Pinkett Smith, dizendo estar “ansioso por ver o G.I. Jane 2”, associando-a à personagem de Demi Moore, para a qual a actriz rapou o cabelo. O facto, porém, de Jada sofrer de alopecia areata, uma doença auto-imune que está na origem da queda do cabelo que a levou a optar por rapar a cabeça, é usado para justificar a atitude de Will Smith, ainda que, no momento da piada, as câmaras mostrem o actor de King Richard: Para Além do Jogo a rir. Quando Rock se preparava para continuar e apresentar o prémio de melhor documentário, viu Smith a dirigir-se a si, e pelo que se percebe não suspeita o que vem a seguir: Will dá um estalo a Chris Rock, volta a sentar-se e grita: “Mantém o nome da minha mulher fora da tua boca [palavrão]”.

Há quem aponte o facto de uma doença não poder ser usada numa piada e quem considere que a zanga já vem de trás, considerando que Chris Rock foi longe demais. Já para o comediante Diogo Faro “se os comediantes levassem porrada de cada vez que alguém não gosta do que dizemos, não havia um único que não levasse regularmente”.

Além disso, o humorista descreve as acções de Will Smith, vistas por muitos como um acto de protecção, de “masculinidade tóxica”, recomendando sobre o tema “os documentários O Silêncio dos Homens e The Mask You Live In, e o livro A Revolução do Homem (Philip Barker).”

Para Gandim, nome artístico e projecto do humorista Guilherme Duarte, é um não-assunto: “Não há discussão nem várias opiniões válidas, há apenas um lado certo”, afirma.

Mas o tema de quão seguros estão os humoristas em cima de um palco é abordado por outros, como Manuel Cardoso, que não abdica que uma certa dose de escárnio: “A piada sobre a Jada Smith é inaceitável, exige-se que o Chris Rock lhe alopecia desculpa”. Ainda assim, o comediante revelou-se surpreendido com o que aconteceu durante a noite: “Um gajo acorda e de repente fica a saber que desempenha uma profissão de risco elevado”, garantindo que “sem guarda-costas” não volta a apresentar os prémios da revista Caça e Cães de Caça.

O mesmo terá sentido o humorista Carlos Pereira: “Então não é que adormeci no sofá e acordei a saber que estou sujeito a levar uma chapada enquanto estiver em cima do palco?”, escreveu no Instagram, onde criticou ainda o debate sobre se a atitude de defesa de Smith é ofensiva para a mulher. “Aconteceu aquilo ontem e estamos a discutir em como o Will Smith ter saído em defesa da honra da mulher foi ofensivo para a mulher. Malta, uma pessoa foi agredida em cima de um palco. Um tipo levou uma chapada porque fez uma piada. Mas ‘tá tudo maluco?”

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