O barbeiro Franklin Iriarte teve de ser criativo para sobreviver quando a Venezuela, a sofrer com um colapso económico de longa data, impôs uma quarentena a nível nacional durante a pandemia de covid-19.
Inspirado por vídeos do YouTube de barbeiros de outros países, o pai de dois filhos vendeu o seu carro em Agosto para comprar uma carrinha, que transformou numa barbearia móvel.
“Eu queria um espaço, mas neste momento o que se pede de renda equivale a tudo aquilo que eu tenho”, disse o homem de 38 anos. “Não ia conseguir sustentá-lo.”
Iriarte, que trabalhou em várias barbearias ao longo dos seus dez anos de carreira, aprendeu novas técnicas para melhorar as condições da carrinha.
Durante vários meses, ele mesmo reparou, remodelou e pintou a carrinha, acrescentando cadeiras e espelhos no interior e instalando ar condicionado.
Não foi “fácil porque houve momentos em que não havia comida no frigorífico”, disse ele. “Foi escolher entre ter comida dentro de casa e manter o projecto em andamento.”
Começou a estacionar na zona de La Guaira, a cerca de 30 quilómetros de Caracas, em Dezembro, e agora está aberto de segunda a sábado, das 8h às 21h.
A economia da Venezuela tem vindo a vacilar há anos devido à elevada inflação e às sanções contra a sua indústria petrolífera, outrora próspera, embora o Governo tenha flexibilizado alguns controlos em moeda estrangeira.
Enquanto os funcionários públicos ganham um salário mínimo mensal de apenas três dólares por mês, Iriarte pode cobrar 5 dólares por corte porque os trabalhadores do sector privado geralmente ganham mais e muitas pessoas recebem remessas de parentes que emigraram para o estrangeiro.
Mesmo assim, Iriarte por vezes oferece cortes de cabelo grátis àqueles que não podem pagar. Até agora, tem corrido bem, disse ele. “Graças a Deus, (o negócio) tem sido bem recebido.”