“Quero ser o Presidente da rebeldia e da esperança”, diz Ciro Gomes ao lançar pré-candidatura à presidência do Brasil

Ex-ministro e candidato do PDT atirou-se a Bolsonaro, Lula e Moro e apresentou propostas para a Economia, a Educação e o Ambiente. Sondagens atribuem-lhe 7% nas presidenciais agendadas para Outubro.

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Esta é a quarta vez que Ciro Gomes, do PDT, se candidata à presidência do Brasil Sebastiao Moreira/EPA

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) lançou a sua pré-candidatura à Presidência da República do Brasil na sexta-feira, em Brasília, disparando críticas aos três principais adversários na disputa: o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-juíz Sergio Moro (Podemos).

Incorporando o slogan de sua campanha, Ciro apresentou-se como o nome “da rebeldia e da esperança” e elencou uma série de propostas, que vão de planos económicos de combate à corrupção até propostas como parcelar smartphones em 36 vezes sem juros para a população mais pobre.

“Tão pensando o quê, isso é para valer!”, disse o “pedetista”​, antes de começar a discursar.

O recado de Ciro é direccionado a parlamentares do PDT e a sectores da esquerda para os quais ele pode desistir de seguir na disputa pelo Palácio do Planalto caso não melhore nas sondagens.

Correligionários do “pedetista”​, inclusive, chegaram a pressioná-lo, há cerca de dois meses, a abrir mão da candidatura caso não alcance 15% nas sondagens eleitorais até Março.

Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em Dezembro, Ciro tem 7%, empatado tecnicamente no terceiro lugar com o ex-juiz Moro, com 9%.

De acordo com o inquérito, o ex-Presidente Lula lidera a corrida, com 48% dos votos, contra 22% de Bolsonaro.

A decisão da cúpula do PDT de lançar agora o nome de Ciro também teve como objectivo marcar posição de que ele não abrirá mão da corrida.

Antes do início do discurso, foi divulgado um vídeo de campanha acompanhado do jingle que traz as palavras do slogan do pré-candidato: “A rebeldia da esperança”.

“Quero ser o Presidente da rebeldia e da esperança”, afirmou Ciro.

Buscando espaço na chamada terceira via, Ciro disse que Bolsonaro é responsável por uma “política genocida”, afirmou que Lula privilegiou os ricos em políticas económicas e se referiu a Moro como “inimigo da República” e com currículo de “rosário de vergonhas”.

“Seria exagero dizer que os Presidentes, apesar de diferentes em muitas coisas, foram iguaizinhos em economia, e que o modelo económico que copiaram uns dos outros nos trouxe a este beco sem saída?”, disse.

“Seria mentira afirmar que eles, sem excepção, impuseram um tipo de governança que tem o conchavo e a corrupção como eixos? Não, não é exagero, é pura realidade”.

O pré-candidato voltou a afirmar que acabará com o tecto de gastos se for eleito e que taxará grandes fortunas.

“Este tal tecto de gastos é a maior fraude já cometida contra o povo brasileiro”, disse. “O orçamento da União é de 4,8 triliões de reais. Mas só se discute e controla 1,8 trilião, que é o dinheiro da saúde, da educação, da infra-estrutura, etc.”, afirmou. “Podem tremer de medo, famílias de banqueiros”.

Ciro anunciou uma série de programas que pretende lançar caso seja eleito. Além do Internet do Povo, que prevê financiar smartphones para a população mais pobre, o pré-candidato disse que vai formular um “Plano Emergencial de Pleno Emprego”, para abrir 5 milhões de vagas no primeiro biénio de um eventual governo.

O “pedetista”ainda anunciou as seguintes iniciativas: “Minha Escola, Meu Emprego, Meu Negócio”, que vai promover estágios remunerados; construirá escolas em tempo integral; programa de reforma urbana e de regularização fundiária; e o programa Renda Mínima Universal Eduardo Suplicy, para unir o Auxílio Brasil, o Seguro Desemprego e Aposentadoria Rural.

O pré-candidato disse que venderá o gás de cozinha pela metade do preço para famílias com renda mensal de até três salários mínimos e que o meio ambiente seria uma prioridade de seu governo.

Ciro afirmou que está trabalhando com especialistas em um plano de enfrentamento à corrupção, que terá a acções preventiva como base.

“Nele não haverá espaço para estrelismos e efeitos especiais, nem para espectáculos de conquista de plateias e de eleitores. Os que agem desta forma, produzem efeitos negativos para a sociedade e também para si mesmo”, disse o pré-candidato, para em seguida criticar Moro, que julgou processos da Lava-Jato e depois largou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça de Bolsonaro.

Esta é a quarta vez que Ciro se lança candidato à presidência da República. A primeira vez foi em 1998. Em 2002, também foi derrotado no primeiro turno e decidiu apoiar na rodada seguinte Lula, que acabou eleito. Ciro então se tornou ministro da Integração Nacional. Em 2018, disputou mais uma vez e terminou em terceiro lugar.

Exclusivo PÚBLICO / Folha de S. Paulo

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