Lech Walesa, ex-Presidente da Polónia e Nobel da Paz, diz que está “falido” e procura emprego

Político recebe uma pensão de cerca de 1300 euros por ter ocupado o cargo de Presidente da Polónia. Antes da pandemia, dava dezenas de palestras e conferências em vários países, mas foi obrigado a cancelar quase tudo nos últimos dois anos.

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Aos 78 anos, Walesa está afastado da vida política activa PETER ANDREWS/REUTERS

Lech Walesa, o antigo Presidente da Polónia que foi laureado com o Prémio Nobel da Paz em 1993, afirma que a covid-19 — que obrigou a cancelar centenas de conferências que representavam a maior parte do seu rendimento — o levou à falência. Aos 78 anos, o político e activista dos direitos humanos está à procura de emprego e a vender fotografias e autógrafos para conseguir equilibrar as contas no fim do mês.

Nos anos 1980, Walesa foi fundador do sindicato Solidariedade, que ajudou a derrubar o regime comunista na Polónia, e tornou-se o primeiro Presidente do país após a Guerra Fria, entre 1990 e 1995. Por este cargo, recebe cerca de 1300 euros mensais, 75% do seu salário na altura.

Antes da pandemia, o ex-presidente, que já foi galardoado com outros prémios e condecorações de prestígio, dava dezenas de conferências e palestras em vários países, em que arrecadava mais de quatro mil euros por evento, mas a covid-19 obrigou-o, há quase dois anos, a cancelar tanto o circuito internacional de conferências como os cursos de formação contínua em empresas, o que fez com que o político polaco ficasse praticamente sem rendimentos.

“Tinha muitas viagens e trabalhos planeados, com compromissos em Itália, Alemanha e Estados Unidos, mas infelizmente todas essas viagens tiveram de ser canceladas”, confessou ao jornal polaco Super Express. “Agora estou falido porque só recebo 6000 zlotys da pensão mensal [cerca de 1300 euros] e minha esposa gasta pelo menos 7000 por mês”.

Walesa conta que não poupou muito dinheiro durante os anos de prosperidade económica. E apesar de o seu estilo de vida nunca ter sido particularmente luxuoso, sempre viajou para compromissos internacionais sem olhar a custos e também ajudou os oito filhos a tornarem-se independentes no começo da idade adulta.

“Houve momentos em que tinha dinheiro, mas depois gastei-o”, diz o ex-presidente sobre a estratégia financeira fracassada. Este ano foi obrigado a explicar a toda a família que “no Natal ninguém vai receber presentes meus porque não há como os comprar”, como explicou ao canal de televisão polaco Polsatnews.

As palavras do ex-presidente têm comovido os meios de comunicação, que têm publicado entrevistas em que Walesa pergunta abertamente aos jornalistas se não terão um trabalho para ele nos jornais. “Já tive vários empregos na minha vida. Sou electricista de formação, mecânico e sindicalista, além de presidente. Ofereço um amplo leque de possibilidades, que vão de tractores à internet”, diz, em análise ao seu currículo. “Se não encontrar algo rapidamente, vou ter que ir mendigar para a porta da igreja”.

O político publicou, no início de 2021, um anúncio num site de procura de emprego, apresentando-se como um “líder experiente, grande orador, vencedor do Prémio Nobel da Paz, Presidente da República da Polónia entre 1990 e 1995 e co-fundador e primeiro presidente da Solidariedade». Também se disponibiliza para dar “reuniões de capacitação de liderança em empresas, cursos e fornecer serviços promocionais como fotografias e autógrafos”.

E embora não esconda a gravidade da sua situação económica, Walesa lembra que não é a primeira vez que procura emprego desde que deixou a Presidência.

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