Brasileirão explora o filão português

Abel Ferreira e Paulo Sousa aguardam chegada de Carlos Carvalhal, técnico desejado no Atlético Mineiro. Tendência reforça movimento iniciado por Jorge Jesus.

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Carlos Carvalhal está no radar do campeão brasileiro LUSA/HUGO DELGADO

O Brasil parece cada vez mais inclinado em explorar o filão de treinadores portugueses, com o Atlético Mineiro, campeão do Brasileirão, empenhado em encontrar deste lado do Atlântico a solução ideal para preencher a vaga de Cuca.

Jorge Jesus pode não ter sido o primeiro a atravessar o oceano, mas a chegada retumbante do ex-Benfica ao “ninho do Urubu”, em 2019, foi determinante para marcar uma nova era no futebol brasileiro, com forte tendência lusa e que, entretanto, já levou à aposta e consagração de Abel Ferreira como bicampeão da Libertadores ao serviço do Palmeiras.

Paulo Sousa é o mais recente trunfo dos flamenguistas, que, após desistirem do resgate de Jorge Jesus, partiram para a contratação-relâmpago do ex-seleccionador da Polónia. Carlos Carvalhal é, aliás, de há muito, um nome recorrente no “cardápio” dos clubes brasileiros. Os mesmos que nos tempos mais recentes já atraíram timoneiros como Jesualdo Ferreira (Santos), Sérgio Vieira (Atlético Paranaense, entre outros), António Oliveira (Atl. Paranaense), Augusto Inácio (Avaí) e Ricardo Sá Pinto (Vasco da Gama), para referir apenas os mais mediáticos.

Assim, depois de um primeiro momento de alguma indefinição, com Jorge Jesus a pulsar forte no radar, mas a pedir tempo antes de se comprometer com o emblema de Minas Gerais, o “galo” elegeu o bracarense Carlos Carvalhal como alvo prioritário.

O técnico do Sp. Braga assumiu, publicamente, em entrevista à Rádio Marca, as abordagens de emblemas como o próprio Flamengo e o Atlético Mineiro. Sondagens que dependeriam sempre, e em última análise, de um acordo com o clube minhoto. Nas últimas horas, a ideia ganhou maior força e expressão com a difusão de notícias relativas à propalada e até iminente mudança de Carlos Carvalhal para Belo Horizonte, o que reforçaria em definitivo a tendência desta aposta na “escola portuguesa”. Em discussão estaria apenas o valor da indemnização pela saída imediata do técnico bracarense.

O Atlético teria mesmo conseguido baixar a fasquia para valores mais realistas, na vizinhança dos dois milhões de euros. Mas o Sp. Braga fez saber, pelos canais oficiais, que, à falta de uma proposta concreta, as declarações do presidente, António Salvador, na sequência da eliminação da Taça de Portugal, em Vizela, continuam em vigor. Ou seja, Carlos Carvalhal continuará mesmo na “Pedreira” até ao final da época!

Natural de Braga e “adepto” do clube que serviu como atleta, Carlos Carvalhal dificilmente adoptaria uma posição de força em nome de interesses pessoais. Até porque a eliminação da Taça da Liga e da Taça de Portugal não invalidam o trabalho desenvolvido, nomeadamente a aposta em jovens valores da formação do clube.

Ainda com a Liga Europa no horizonte, o projecto no Sp. Braga está longe de se esgotar, mesmo percebendo-se algum desencanto do líder do clube, o que poderia ajudar a amolecer as negociações. Mas pensar que o Sp. Braga não está já a acautelar o futuro - notem-se as notícias do interesse em Bruno Pinheiro, técnico do Estoril que esteve na iminência de se comprometer com os turcos do Besiktas - seria pura ingenuidade, pelo que mesmo as notícias de que, afinal, Carlos Carvalhal - tal como sucedera em relação ao Flamengo - já pode esquecer a aventura brasileira não pode ser vista como facto consumado.

O futebol tem esta capacidade inesgotável de contrariar previsões e até notícias confirmadas, pelo que, até prova em contrário, os campeões brasileiros podem continuar na senda de um nome português, capaz de repetir os êxitos de Jesus e Abel.

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